segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Acha?!



É bom perceber que mídia brasileria continua se esforçando para esclarecer importantes questões sociais.

Fica a sugestão para todos postarem sua opinião. Não dando uma resposta, mas com uma crítica pela pergunta absurda.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Día de la Familia

Bueno, xirus e xiruas.

O dia 25 de dezembro é comemorado como "Día de la Familia" em nosso país vizinho, o Uruguai. À maneira de nossos hermanos do Pampa, desejamos tudo de bom nesse dia.

Deixo-os com uma canção pra refletir.




quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Novos tijolos, nova vizinhança?

Anunciado hoje, numa roda de mate da NASA (aquela agência orgulhosamente estadunidense que manda gente pra fora do planeta e estuda coisas bem longes daqui) uma descoberta que pode trazer novas perspectivas para o estudo da biologia e astrobiologia (ou exobiologia como vosmecês preferirem):

Foi encontrada uma forma de vida, uma bactéria, pra ser mais exato, que constrói biomoléculas (inclusive seus ácidos nucléicos) utilizando átomos de Arsênico no lugar de Fósforo. O artigo original encontra-se aqui.





quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pensamento mágico e realidade

Achei uma folha recortada da Zero Hora dentro do meu livro Zoologia de Invertebrados, li outra vez e achei interessante pro Adaga. O texto é de 2009.

Por Manuel J. Pires dos Santos - psiquiatra e psicanalista

O bicentenário do nascimento de Darwin e o sesquicentenário da publicação da Origem das Espécies, neste ano, têm trazido frequentemente ao noticiário a oposição ferrenha e contínua da teoria criacionista à teoria darwiniana. Darwin sabia bem a dimensão do conflito que estava gerando ao divulgar suas ideias, opondo uma teoria científica a uma crença religiosa.

domingo, 7 de novembro de 2010

O IMPÉRIO DO CONSUMO

O texto é grande, mas fundamental. Me senti com o dever de postá-lo no Adaga.

Esse texto já foi citado no blogue, como parte das referências no artigo do professor Brack, que pode ser visto aqui. Agora deixo-os com essa flor de payada composta pelo nosso companheiro uruguayo Eduardo Galeano, autor de AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA.

"A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la." (Eduardo Galeano)

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A explosão do consumo no mundo atual faz mais barulho do que todas as guerras e mais algazarra do que todos os carnavais. Como diz um velho provérbio turco, aquele que bebe a conta, fica bêbado em dobro. A gandaia aturde e anuvia o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A afirmação de um Estado laico

Texto de Ben-Hur Rava, retirado da Zero Hora de 4 de novembro de 2010.

“(...)O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim(...)” (Jo, 18:36)

“(...)Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus(...)”(Mt, 22:21)

Passadas as eleições e, após a tentativa, de parte a parte, de se tentar “teologizar” o debate político, cabe uma reflexão sobre a questão.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Função Social do Intelecto

Buenas, xiruzada. Fazia tempo que não dava as caras, prometi que traria uma charla baguala e me ocorreu de falar do xiru Nicholas Humphrey - mais especificamente do artigo de nome “The Social Function of Intellect”. Escuite.
O bagual começa nos lembrando algo que deveríamos saber de berço: a Natureza, maiúscula, atua como economista muquirana – as capacidades supérfluas são cortadas com tesoura de tosquia, sem dó. Daí a gente parte pro seguinte: as capacidades que se apresentam, que são adaptativas, tendem a ser coisa barata.  Até aí, tranquito macio de cavalo amilhado.

Então alguém me explica esse órgão gastador que é o cérebro. Os nossos pensares mais complexos – e fisiologicamente caros – de que forma aumentam a aptidão?


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Rascunhos baguais - Balduíno Rambo

Aos cinco dias de fevereiro de 1676, o papel da carta que o físico inglês Isaac Newton enviaria a seu rival e correspondente, Robert Hooke, era crivado à tinta com os seguintes dizeres: "Se posso ver mais longe, é porque estou sobre os ombros de gigantes". É com essa ideia em mente que pretendo trazer para o Adaga alguns pequenos (me cobrem se ficarem longos muito longos...) textos acerca da vida e da importância de alguns figurões do conhecimento humano. Ornamentemos nosso saber com a sabedoria de pessoas mortas!, como diz um certo autor.

Pra começar, queria mostrar aos senhores um pouco da contribuição de um rapazote muy dedicado a conhecer o mundo natural, o Pe. Balduíno Rambo.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ciência no Planetário - Evolução & Biodiversidade

Buenas. É com orgulho que convido Campolargos e Vacarianos a comparecerem a uma palestra xucra que se sucederá nos domínios do Planetário Prof. José Baptista Pereira. O tema é Evolução e Biodiversidade, e o payador é o moderadíssimo professor Aldo Mellender de Araújo, titular do Departamento de Genética da UFRGS.

Para quem não sabe, o professor Aldo é uma das maiores autoridades na temática evolucionista no Brasil. Cospe verde e risca o facão no chão.

Abraços.







quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Liberdade e Determinismo

Vai aí um trecho do filme “Waking Life” sobre as questões científicas e filosóficas relacionadas ao livre-arbítrio. O assunto já foi contemplado em uma bela payada do xiru Barradas aqui.


sábado, 2 de outubro de 2010

Pra refletir...

"A idéia de que os membros da nossa própria espécie merecem uma consideração moral especial em comparação com os membros das demais espécies é antiga e profundamente arraigada. Matar pessoas fora de uma guerra é algo que se considera o pior dos crimes vulgarmente cometidos. A única coisa proibida com mais força pela nossa cultura é comer pessoas (mesmo que estejam mortas). E, no entanto, gostamos de comer membros das outras espécies.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Divulgação

Altamente recomendado. O professor Aldo é uma das maiores autoridades em evolução biológica no país, além de estudioso de filosofia da ciência.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Flintstones, Scooby Doo e o Ginete de gigantes


Hoje, no aniversário de 50 anos do desenho animado Os Flintstones, queria deixar claro que se trata de uma ficção, e não de um documentário, como acreditam muitas pessoas.
Entre alguns esforços para fortalecer a ideia de que nossa espécie conviveu com os dinossauros (e isso até pode ser verdade se considerarmos as aves), está o Museu da Criação. Como nos informa um dos realizadores do museu, eles têm bebês de TIRANOSSAURO e filhotes humanos em uma mesma paisagem, e isso gera uma reação de surpresa nas pessoas que freqüentam o lugar. Sério? Esse cara é mais falso que cobra engabelando sapo.


Eu achei particularmente engraçado um dos dinossauros estar usando uma sela. Imagina só! O xirú veio, numa gineteada ajeitada, metendo o chicote no flanco do monstrão. Mas que gaudério!
Nós não conseguimos domesticar uma zebra!
A doutora Tamaki Sato ficou confusa, ao ver dinossauros de diferentes períodos geológicos com placas identificando a data de extinção por volta de 2.438 AC.
Foram investidos mais de 25 milhões dos famosos dólares, e desde que foi aberto, recebeu por volta de 750 mil visitantes. Isso é mais gente do que se encontra em muito rodeio bom por aí.
Pra não desanimar a meninada que adora desenho, e isso, é claro, me inclui, existem outras opções que estimulam a imaginação de maneira menos “enganosa” do que Os Flintstones. Quero deixar claro que não sou contra assistir esse desenho, mas apenas enfatizo que a sociedade retratada com pessoas tendo dinossauros ao invés de cachorros como animais de estimação não é suportada por nenhuma evidência científica.
Uma das opções é o desenho Scooby Doo. No desenho, geralmente existe algum mistério que de começo se mostra insolúvel, mas no final sempre surge uma boa explicação racional. Créditos especiais para a Velma, que adora uma tirada científica.
Devo dizer que a recomendação de Scooby Doo foi feita não originalmente por mim, mas por Carl Sagan, no livro O Mundo Assombrado pelos Demônios, já comentado aqui pelo colega Marcelo.
Agora vou me indo, que derramei uma ambrosia na bombacha, e se não lavar logo a prenda vai me fazer esganiçar mais que cusco que levou água fervendo no lombo.
Abraços baguaidersons!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Passagens e Comentários sobre A Origem - Parte I

"Me transformei num tipo de máquina de observar fatos e formular conclusões." Charles Darwin

Bueno, xiruzeada, pretendo desta vez mostrar alguns trechos de A Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural, de Charles Darwin - um dos mais importantes livros da História da Ciência – e dedilhar alguns comentários sobre as passagens que escolhi. Pra milonga não ficar muito comprida eu vou postar mais de uma vez sobre esse assunto.


A 1ª edição do livro foi publicada em 1859, mas vou me basear na última (6ª edição), que é de 1872. É uma versão dividida em três tomos pela Editora Escala e com tradução de André Campos Mesquita. Lá vai!


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Antes de votar, vide a bula

Buenas, rapaziada de todas as querências. Trago-lhes, na véspera do dia do biólogo, um texto de autoria de Paulo Brack, professor do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, acerca das responsabilidades sociais e do modelo de desenvolvimento vigente. Porque questionar é sempre bom...

Deixo-lhes com a palavra do Prof. Brack.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Tirinha pra pensar...

Como faz tempo que não dou as caras, deixo para os amigos uma tirinha muy especial.


Fonte: Capinaremos
Abraços crioulos!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Biodiversidade


“A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas”.
Goethe

Em 2010, a Assembléia Geral das Nações Unidas declarou o Ano Internacional da Biodiversidade (não é qualquer ano que tem uma honra como essa), com a finalidade de aflorar a consciência sobre a importância da preservação da biodiversidade em todo o mundo.

A preocupação com a situação do planeta obviamente não apareceu em 2010, vem crescendo com a amplificação do conhecimento sobre a diversidade de formas de vida no planeta Terra e dos processos relacionados.

O termo biodiversidade foi criado em 1985 como uma contração de “diversidade biológica”, e ela, caro leitor, não representa pouca coisa, ela se refere ao conjunto das espécies de plantas, animais, microorganismos e ecossistemas em que esses seres vivem e dos processos ecológicos dos quais fazem parte. Essa definição engloba desde os genes presentes em uma determinada população, até a diversidade comportamental e cultural que muitas vezes está presente.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A questão baleeira

Baleias-piloto mortas no dia 23 de julho de 2010 nas Ilhas Faroes.
Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/07/baleias-piloto-sao-cacadas-em-arquipelago-na-dinamarca.html
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Buenas gurizada!
Lendo um tópico no blog de um amigo (aproveitando pra fazer uma propaganda, recomendo!) sobre um “massacre” de baleias-piloto nas Ilhas Faroes (Dinamarca) denunciado pela Sea Shepherd, no comentário acabei escrevendo uma baita payada, um pouco provocativa talvez, e decidi colocar aqui no Adaga:
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Dando uma pesquisada na rede acabei encontrando várias coisas... Me baseio também em alguns tópicos da disciplina de Manejo de Fauna Silvestre ministrada pelo professor Ignacio Moreno da UFRGS.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O conto do Dingo


Buenas nuevamente!

Tomando a idéia de um livro de Dawkins pro título, desta vez, a payada é sobre um cusco! O nome do animal é dingo (Canis lupus dingo), um tipo de cachorro ou lobo, afinal são todos da mesma espécie. A querência desses cuscos é a Austrália, mas eles são mamíferos placentários, portanto, a princípio, não poderiam ter chegado lá sozinhos, afinal a Austrália possui uma história de milhões de anos de isolamento e lá existem basicamente marsupiais e monotremados.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

REVOLUÇÃO NO PENSAMENTO EVOLUTIVO - Parte I: Mutações “interpretativas”

Buenas, prendas e xirús!

Hoje lhes trago a primeira parte desta série na qual proseio a respeito de novas descobertas que deixam qualquer geneticista mais eriçado do que graxaim quando vê um cusco. Bueno... as descobertas não são tão novas assim. Algumas teorias, na verdade, nunca foram totalmente abandonadas, apenas foram ofuscadas pela força que ganhou o neodarwinismo no século XX. Essas visões vêm ganhando lugar no estudo da evolução desde a década de 70.

Aqui, me baseio no livro de Eva (não... não a costela) Jablonka e Marion Lamb: “Evolução em quatro dimensões”. Elas trazem fatos que já não podem ser ignorados pela comunidade científica e que desafiam a visão neodarwinista da evolução centrada no gene.. São eles:
- Há mais coisas na hereditariedade do que genes.
- Algumas variações hereditárias são não-aleatórias em sua origem.
- Algumas informações adquiridas são herdadas.
- Mudanças evolutivas podem resultar de instrução, assim como de seleção.
A la pucha! Calma vivente! Isso não é heresia! A evolução não é apenas uma mudança na freqüência alélica e a visão de replicador-veículo está se tornando bastante difusa. Tentarei explicar tudo isso com clareza ao longo da série.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A visão reducionista e a visão sistêmica na Ciência


Bueno, gaudérios e prendas, resolvi prosear outra vez. Já preparei um mate e vou começar minha payada, depois de um tempo ausente. Hoje, o assunto é sobre dois grandes paradigmas conceituais e suas maneiras de fazer Ciência. Vou começar com uma breve introdução no pensamento sistêmico por que me veio um bom exemplo, e estou com ele na mão: a cuia.
 

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Divulgaciones

Buenas!
Só repassando pro povo que nos lê (e não comenta, bando de guri!) um vídeo bem interessante...
Um bate-papo loco de bueno com o Prof. Mário César Cardoso de Pinna (Cardosão, pros chegados) e o Prof. Nahor de Souza Neves (não achei Lattes do vivente... juro que procurei!), onde eles defendem as teses evolucionista e criacionista, respectivamente. O programa foi ao ar pela SESC TV.


Recomendo a todos! O Cardosão (que parece uma carpa gorda, com aquela cara de noooojo, cara de quem não tá gostando NEM UM POUQUINHO) dá uma verdadeira aula sobre evolução (apesar de algumas ratiadas... ancestral das baleias parece mistura de cachorro com anta?). O Nahorzinho tenta defender, mas a argumentação foi fraca e batida.


Mediando a discussão tem um professor do Depto. de Teologia da PUC-SP e um jornalista da Folha de São Paulo. Programa muito bem conduzido, aliás. Vale a pena.


Aí vai a primeira parte... depois apertem nas outras (1b, 2a, 2b, etc...).




Se lambuzem!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Das Boas Ações

Chegou minha vez! Vou me embretar pelos campos científicos dos companheiros, mas sem muito termo técnico, que também não sou tão metido assim. Lá vai.
A partir de doutrinas filosóficas pós-feudais (a começar pelo Hobbes, passando pelo Adam Smith) começou-se a levantar a questão do egoísmo humano intrínseco a todas as ações, em oposição ao ideal grego de que o homem é naturalmente um animal político (como as abelhas o seriam), razão pela qual sobrepor-se-ia a esfera social à individual. Surge, na modernidade, a ideia do contrato: constituímos o Estado por um acordo de vontades, para que cada um defenda da melhor maneira o próprio interesse (para sair do famigerado Estado de natureza). Outros, os quais creditam algum valor à existência humana, vieram dizendo que não: não é apenas olhando para o próprio umbigo que o homem faz suas escolhas, faz-se, eventualmente, o bem pelo bem; do contrário, qual a explicação para as situações em que o indivíduo nitidamente sacrifica seu interesse em favor do outro? (O resumo foi apertado e, provavelmente, equívoco, mas a ideia é essa).

terça-feira, 6 de abril de 2010

Tamanho é documento

Hoje, bagual muy requintado que ando, vim falar de coisas guapas desnecessariamente, pois "As coisas belas persuadem por elas mesmas, sem necessidade de um orador".
E é da beleza do mundo pequeno e das diferenças para o nosso mundo antropocêntrico que pretendo dar uns pitacos, mas bem de leve, pra não causar muito alvoroço.

Lendo um textinho muito agradável do entomólogo (aquele que estuda os insetos) Peter Price, fiquei me coçando, com vontade de charlar um pouco sobre isso aqui, na boa e velha Adaga, pra quebrar um gelo e deixar um clima mais confortável...

Ao longo da vida nos acostumamos a certas condições físicas que parecem absolutas. Sabemos que existe, por exemplo, uma força gravitacional que tende a nos manter unidos ao chão. Mas o que aconteceria se fôssemos pequenos? Bem pequenos...


Conseguiríamos nos manter sobre a tensão superficial da água? É o que podemos ver que ocorre em muitos grupos animais (vou me deter aqui ao grupo animal, só para poder comparar diretamente com nossa realidade).

Para quem tem um corpo realmente pequeno, como os insetos e muitos outros artrópodos, o mundo físico não causa a mesma impressão. Quantas vezes não nos impressionamos ao ver uma formiga ou um besouro cair de uma altura dezenas de vezes maiores do que o seu tamanho e sair andando sem dar nem um pio?

O peso depende da massa. A massa cresce linearmente com o volume, que cresce em proporções cúbicas com o tamanho linear. Pra não ficar falando de um jeito chato, lá vai: quanto maiores forem as dimensões de um animal, mais pesado ele vai ser (não é uma regra inviolável, como nada em biologia). E BEM mais pesado. Dessa forma, se tu és um ser pequeno demais, teu peso vai ser realmente pouco. MAS POUCO DE DAR DÓ. Pouco a ponto de uma queda ser insignificante.

Pra ter ideia como isso é real, inclusive pra nós, observem essa: a energia cinética (envolvida nos efeitos de um tombo, por exemplo) aumenta na quinta potência com as dimensões lineares do animal. Dessa forma, uma pessoa que tem a metade da altura de outra (uma criança) sofre apenas 1/32 dos danos mecânicos. E aquela história de que criança cai, cai e nunca se quebra? Pois é... devido a isso, o tombo figura entre os maiores problemas pra quem sofre de gigantismo.

E pensando nas possibilidades que sofrer menos influência gravitacional traz aos seres pequenos... mas bah! Loucura essas aranhas que podem se apoiar e caminhar sobre a tensão superficial. E as lagartixas que se grudam na parede e no teto usando as forças de Van der Waals entre seus dedos adaptados e a superfície? E mutucas que atingem velocidades de mais de 50 km/h em vôo e conseguem inverter o sentido do movimento numa distância menor que o comprimento do seu corpo?

Aliás, o próprio vôo depende de um tamanho de corpo moderado.. quanto maior o animal, mais difícil é de entrar em vôo, pois maior peso por superfície de asa o animal tem que suportar (lembra, bagual, que o peso aumenta em proporções cúbicas e a área de asa em proporções quadráticas. Matemática, vivente!). Além disso, bichos muito grandes têm que alcançar uma velocidade bem maior para entrar em vôo (porque existe uma tal de velocidade de estol, que é a velocidade mínima para um modelo aerodinâmico não estar em queda livre e ela tem que ser superada para iniciar o vôo. Lembrando que essa velocidade é com relação ao meio, e não ao solo... por isso que voar contra o vento é mais fácil). Cada coisa....

Outra coisa primordial nessa linha de pensamento é: se o teu tamanho é outro, por uma simples projeção relativista de fundo de quintal, o tamanho do meio parece outro. Quando nos molhamos, cerca de 1% do nosso peso é acrescido na forma de água na superfície corpórea. Se um inseto se molha, seu peso praticamente dobra.

E no que mais o tamanho influencia? Na taxa metabólica, como é mais sabido... mas inúmeras outras coisas são moldadas pelo tamanho corpóreo. Se o bugre parar pra pensar, descobre... não vou discorrer muito mais falando disso.

Fica uma provocação feita pelo cumpadre Went, em 1968: se animais como formigas vivem em sociedades complexas há muito mais tempo que a linhagem humana, por que não vemos o desenvolvimento de tecnologias mais avançadas nesses grupos? Uma das conjecturas do pensador foi dizer que o tamanho do corpo faz com que tenhamos diferentes capacidades de moldar o ambiente. O fogo, por exemplo. O fogo é uma baita mão na roda para produzir materiais e formas de diversas naturezas. Mas, quando se tem o tamanho de uma formiga, fica muito difícil de manejar uma chama. Muito pequena, ela não pode ser manter. Maior, ela é um perigo. Assim ocorre com inúmeras coisas.

Logicamente, pelos princípios da seleção natural que moldou as formas vivas, cada ser está plenamente adaptado a sobreviver e reproduzir no meio em que evoluiu. Assim, animais de pequeno e grande porte não são iguais. Aquela ideia dos filmes de terror classe C (coisa bem boooua) de aranhas e insetos gigantes, não se sustenta. Para crescer em tamanho, várias modificações aparentemente não proporcionais são necessárias. Os insetos conseguem lidar com um exoesqueleto quitinoso eficientemente. Mas, para animais de maior porte, um cilindro oco deixa de ser mais eficiente do que um cilindro maciço interno feito com a mesma quantidade de matéria. Só uma pincelada acerca dos endoesqueletos ósseos...

Como disse o saudoso Stephen Jay Gould, se um animal do tamanho de um cachorro fosse colocado em uma máquina de crescimento para ficar do tamanho de um elefante, ele assumiria a forma de um elefante, e não de um cachorro gigante, pois isso não seria compatível...

Mas, terminando o assunto... a diferença de tamanhos é só uma das diferenças que se fazem presentes entre todas as formas de vida. O pensamento antropocêntrico não pode ser aplicado a tudo... devemos vestir olhos de insetos ou olhos de peixes para compreender a forma de vida desses animais.

Espero que não tenha sido desprazeroso ler essa prosa toda. Mas minha intenção era agradar aos olhos com outra visão de mundo, que não humana. Afinal, como diz a célebre frase em uma vestimenta do companheiro Brack: As diferenças trazem o equilíbrio.

E segue o baile!

Pê ésse: Quem se interessar pelo mundo dos pequenos, assistam ao filme Microcosmos, uma produção francesa que demorou 12 anos para ser terminada. As imagens valem a pena do início ao fim!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A cultura nativista e suas relações com a terra e a natureza local

“Pampa - matambre esverdeado
Dos costilhares do prata
Que se agranda e se dilata
De horizontes estaqueados
Couro recém pelechado
Que tem pátria nas raízes
Aos teus bárbaros matizes
Os tauras e campeadores
Misturaram sangue às cores
Prá desenhar três países...” Payador, Pampa e Guitarra - de Jayme Caetano Braun

Bueno, xirus e chinocas de toda clina, resolvi preparar um mate e me aprochegar pra uma tertúlia. Vim tratar de questões a respeito da cultura dos pampas e sua ligação com a terra e a paisagem natural.

Vou tirar as alpargatas pra sentir melhor esse chão, abrir um botão da minha bombacha pra liberar o bucho; só não vou tirar o chapéu porque não sou muito de convenção (a não ser aquelas úteis pra se prosseguir num raciocínio). Agora sim, che, vamo pôr os olhos no horizonte.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Safadeza na sacristia

Muito boa noite aos amigos!

Cá venho eu virando o mate e dando sequência às discussões aqui do blogue. Ultimamente temos notado um aumento grande no número de visitas, coisa que será considerada. A partir de hoje, vai começar uma rotina mais intensa nas postagens... reforço o pedido aos outros payadores para que aumentem o ritmo, e que comecemos a lidar com temas mais relacionados diretamente à ciência! Hoje ainda tô no ritmo de férias... mas logo a coisa vai disparar! Peço, também, aos leitores macanudos e às leitoras de fino trato que deixem um comentário/crítica/reclamação/elogio!

Mas sigamos!

Hoje ouvi no rádio (porque televisão é coisa de desocupado) que o atual papa Bento Dezesseis (nome xucro, aliás) tá sendo acusado de perdoar um padre pedófilo americano, que teria se resfolegado com 200 crianças em uma escola para surdos. Simplifiquei a história. Daí foi feita toda uma retomada sobre os casos semelhantes na Igreja Católica e blablabla. Eu já disse que minha intenção não é pregar nada, nem implicar muito com essa história de religião organizada, mas essas cousas me incomodam mais que mutuca no tornozelo.

Todo mundo sabe que é errado comer criancinha. Isso não se faz, de acordo com princípios morais AMPLAMENTE aceitos pelo humanidade. O cara fica malvisto. Não é compatível com o nosso estilo de vida. E ponto. Mas quero ir um pouquinho mais longe...

Nossa espécie, o bicho homem, tem dois sexos: masculino e feminino. A diferença crucial entre eles é o tamanho da contribuição que cada um dá pra formação do filhote. E isso é assim pra todos os seres que têm essa divisão em macho e fêmea. Os machos são aqueles que contribuem menos (só no sentido biológico, che. Não precisa riscar o facão...): dão uma célula pequena, o espermatozóide, que é produzida em laaaaarga escala. As fêmeas contribuem com uma célula enorme, além de, no caso dos mamadores e outros bichos, alimentarem a cria nas próprias entranhas, por um tempo relativamente longo de suas vidas. Pensa numa mulher grávida... em alguns casos, aquela barriga atrapalha tanto que fica complicado de realizar as tarefas cotidianas. Minha tia, quando engravidou pela primeira vez, engordou uns 20 quilogramas. Meu tio, bagual que é, vinha gritando antes de chegar em casa: "Abre as duas portas que a jamanta vai passar!".

Disso se tira uma ideia muy elegante: se para as fêmeas a reprodução é coisa mais trabalhosa, elas têm um número mais limitado de possíveis filhos. O investimento é muito grande! Essa é a razão para elas serem tão seletivas... querem escolher o macho ideal, pra não desperdiçar energia!

Já os varões (e os que me lêem hão de concordar!), investem muito pouco... A alternativa encontrada foi tentar reproduzir muitas vezes e, pra aumentar as chances de ganhar na loteria genética, com o maior número de mulheres possível. Tá aí a causa de os xirus terem uma maior flexibilidade quanto à escolha das patroas... se for guapa, ótimo: vai direto contar pros amigos. Se for mediana, um trago de canha já elimina o problema. Se for um bichinho-da-goiaba, basta que não tenham muitas testemunhas que o bandido não perdoa! Tô exagerando, mas todos sabemos como é!

Mas por que eu tô falando isso?

A questão é: faz mais ou menos 3,5 bilhões de anos que a vida como nós conhecemos surgiu. Não sei precisar há quanto tempo surgiu a separação em sexos (que não surgiu uma só vez, creio...). Mas há centenas de milhões de anos que a linhagem do Homo sapiens (ou mancebo, vivente, segundo o Sistema de Classificação do Pampa) apresenta essas característica. As prendas são criteriosas para a escolha dos parceiros. Os baguais são menos. São verdadeiras máquinas de reproduzir. Acontece que a Igreja Católica, com sua audácia típica dos aproximadamente 2000 anos de idade (uma adolescente espinhenta no mundo das religiões...) insiste em ir contra a natureza humana. O celibato não é legal. O celibato complica a vida dos sacerdotes. Depois aparecem essas notícias de padre tarado por criança surda e todo mundo fica nervosinho!

Logicamente que não são todos os homens que são capazes de cometer essas coisas, mesmo sob abstinência. Mas alguns, que provavelmente seriam buena gente, não o são devido a essa situação que lhes é imposta. Completamente antinatural. É deixar o passarinho na gaiola, sendo que ele tá programado pra voar (sem projeções.... sem projeções...). Isso causa problemas, e quem paga são as crianças inocentes que são abusadas. Sabe-se lá como fica a situação delas!

Duvido que o celibato tenha sido imposto por santidade ou coisa do tipo. Provavelmente ele é conveniente pros interesses organizacionais da Igreja, assim como é na Maçonaria. Afinal de contas, todos nós sabemos que as mulheres desviam a atenção. As mulheres estão para nós como as flores estão para as abelhas operárias. E que coisa boa que é isso.

Bom, encerro por aqui. Me despeço, pedindo aos viventes que deixem um comentário pra lá de buenacho! Nem que seja criticando...

Pra dar um toque de humor, aí vai uma figura que ilustra a embalagem de uma famosa marca de chocolate. Como disse meu irmão esses dias: "Não parece que um padre tá chupando o dedo do outro?" Quem dera, seu Bira... quem dera...

  A imagem é do artista plástico Alessandro Sani. A história pode ser conferida aqui: http://paiobirolini.blogspot.com/2009/05/27-os-padres-da-nestle.html

sexta-feira, 19 de março de 2010

Porco-do-mato

Cumprimentos.

Hoje venho trazer aos senhores um texto muy explicativo, elaborado por um companheiro uruguayo loco de bagual, o Ismael Brack. Também chamado de Brackinho, o guri traz a tona um assunto que deveria estar na ponta da língua de toda a gente do Rio Grande. As construções de Usinas Hidréletricas (aquelas máquinas grandes de transformar rio em lago + energia elétrica) ao longo do Rio Uruguai/Pelotas previstas pelo PAC. Como denuncia o vivente, essas obras ignoram estudos ambientais necessários e, como já foi visto no passado, podem contar com Relatórios de Impacto Ambiental fraudulentos barbaridade. Uma das espécies animais ameaçadas nesse entrevero é o porco-do-mato, ou queixada, que se encontra em um só bando lá pras bandas de Vacaria. Aí que o bugre velho deve repensar os conceitos, pesar as consequências e, na base do estudo sério, avaliar a real situação dos ambientes jurados de morte por essa iniciativa. Da crise de perda de biodiversidade decorre uma crise socioeconômica, e ambas dependem de uma crise de valores da humanidade, que tem sido o grande catalisador desse cenário. Agora que iniciei o assunto de um jeito meio frouxo, deixo com vocês a firmeza do nosso convidado.
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quarta-feira, 17 de março de 2010

Buenas e me espalho

Não faz muito o amigo Gilberto, baita bagualão, postou um poemito de derreter coração de moça nova. Cousa muito linda, cada ponto no lugar que tem que estar.Coisa muito fina e mimosa.

E falando em mimosidade, estávamos nós, hoje depois da aula de plantinha, que bagual que é bagual tem que estudar plantinha, nem que seja pra dizer depois "gosto mesmo é de couve", bueno, estávamos nós, bem belos, rumando de encontro aos mercedões, quando nos deparamos com um fandango bonito barbaridade! Era a festa dos animal(ênfase bagual no éle, que guampa torta tem que falar éle com vontade).
Os bixos frescos e ainda quentes da última fornada, em especial um bando de guria bonita(que o Blau Nunes me empreste umas palavras: "Face cor de pêssego maduro; os dentes brancos e lustrosos que nem dente de cachorro novo...") que não tinha medo de falar grosso e botar opinião na mesa. E tinha um paysano chamado Avner(gracias, Barradas, pela lembrança) que era quieto.Justo, homem é bicho quieto.
Bueno, a postagem é mesmo pra dar boas vindas e talicoisa, convidar pra algum chimarrão com rapadura, charla, prosa, roda de violão ou baile. Dizer que os veterano tão sempre aí pra mostrar o caminho da biblioteca e do bar(os dois lugares mais importantes da Universidade, nas palavras dum professor macanudo) e qualquer cousa é só prender o grito mesmo.

Beijo pra Beatriz, pra Larissa e pra Iana. Pro Avner, um abracito. Mas sem muito apego.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Errata baguala!

Perdoem-me por um erro muy grosseiro que cometi em minha última postagem!

Atribuí a sujeira na praia da Ponta Verde, em Maceió à comemoração do dia de Iemanjá. Acontece que tal evento corresponde ao dia 02 de fevereiro, data na qual eu já estava em solo gaúcho.

Conversando com um amigo, cheguei a conclusão de que se tratavam de oferendas simples, muito frequentes no nordeste devido à disseminação de religiões afro-brasileiras na região, como Umbanda, Quimbanda, Candomblé, etc.

Mas a indignação continua.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Iemanjá me tapando de nojo

Um causo ligeirito, que o calor tá de arrepiar cernelha de mula.

Lembrando das andanças pelo Brasil, em particular da cidade de Maceió, recordei uma coisa que me deixou deveras irritadiço!

Maceió, capital brasileira das praias. As águas daquela querência chegam a me deixar nervoso de tão belas que são. Longe do alcance da gelada Corrente das Malvinas (que começa a fraquejar pelos lados de Torres, deixando as águas frias e com cor de alpargata velha SÓ pra nós), a cidadezita ostenta uns lugares paradisíacos.

Tranquilito, isso todos devem ter ouvido falar. Pois acontece que na primeira das praias que conheci, lá por volta do dia 12 de janeiro, me deparei com situação muy deselegante. Logo depois de botar o pé na praia da Ponta Verde, me prendeu na ponta do dedão uma sacola de matéria plástica. "Porcaria", pensei. Tirei ela e joguei no lixo, limpito que sou. Mal se passam cinco minutos e a situação se repete. Dessa vez, um pacote inteiro de fubá (nome que os brasileiros dão pra uma farinha de milho toda mimosa) se agarra no meu calcanhar. O fato se passou por volta de umas quatro vezes. Percebi que eram as oferendas do dia de Iemanjá. Relinchei.

Por que Iemanjá, se existe, precisa de farinha de milho? Vai fazer uma broa? Não dá pra cozinhar debaixo d'água. Flores, barquinhos, caravelinhas, farinha... E eu sou a prova de que ela não precisa das oferendas! Estava tudo com cara de apodrecido, com um ranso escorrendo.

Sendo assim, tu que acreditas nisso (se é que chegaste aqui!), estás só sujando a morada de tua amiga imaginária. Nada agradável esse hábito!

Gente boa que nos lê... sei que é uma tradição, faz parte da cultura nacional e todas essas coisas arbitrariamente sem sentido, mas, é coisa de cabeça-de-porongo. Quem decidiu o que Iemanjá gosta? Ela disse como, por mensageiro, pombo correio, fax ou sinal de fumaça? A la putcha!

Pensa nisso. Tem gente aí perto da tua casa que precisa muito mais de um quilograma de fubá do que aquela lá das águas. Ela pode pescar, se quiser.

E me vou!

domingo, 24 de janeiro de 2010

O paradeiro dos blogueiros e Causos de Gravataí

Avancei o mês de janeiro me estendendo pra conhecer um pouco mais daquele país lá do norte, o tal do Brasil. Na companhia do Costa e do Márcio (que de tão dançarino merecia aparecer no Faustão), desbravei todo o território costeiro até chegar em Maceió, nas Alagoas, para o Encontro Nacional dos Estudantes de Geografia, ou ENEG. Com paradas no Espírito Santo, Bahia e Sergipe, a indiada a bordo do ônibus da Acorip Turismo (sugiro que leiam a graça da empresa de trás para a frente. Piroca era o sobrenome do motorista e dono da empresa) foi, de largo, proveitosa. Conhecemos gentes de várias querências: Rio Grande, Pelotas, Campinas (transviadônica, hein), Minas Gerais, etc. Todo mundo muito agradável, tornando a viagem flor de especial. Moças de fino trato para embelezar as paisagens rebuscadas do nordeste e xirus sempre dispostos a uma boa charla e um mate bem cevado. Até os paulistas se engaucharam. Entre "mates", "ches" e "bahs", no mínimo uns dois estrangeiros se identificaram com o Rio Grande e partilharam as alegrias conosco.

Acontece que a rapadura é doce, mas não é mole. Foi bom e durou pouco; dia 21 estávamos nós, os três estudantes de biologia infiltrados no encontro dos colegas da geografia, chegados em Porto Alegre. Acabados. Depois de quase chorar de cansaço, dormir esperando o almoço e deixar uma nesga de pele nas areias alagoanas, estamos de volta ao pago acolhedor que é o Rio Grande, prontos pra continuar a peleia.

Mas, mudando de ares, que me bateu um minuano na orelha de balançar até o osso...

Hoje, domingo, o amigo Lucas ligou-me dizendo que tinha uma proposta. A ideia era ir para Gravataí procurar umas cachoeiras que ele conheceu quando morou lá, há cerca de dez anos. Gravataí é uma cidade vizinha, com o nome oriundo do tupi, querendo dizer Rio dos Gravatás. Lá tem muito gravatá. Muito gravatá tem lá. É, muito gravatá. Gravatá, pra quem não sabe, é uma plantinha de folha espinhuda, que nasce em meio às pastagens rasteiras, na beira de estradas e tal. Tem inclusive um causo interessante sobre o nome e a alcunha da cidade, mas fica pra próxima. Então, fomos atrás das cachoeiras. Depois de um tempo andando em vão, molhando os pés numa sanga suja e passando uma sede de fazer cacto chorar, resolvemos dar as caras num local que tem ali por perto: um sítio de acampamento para jovens, pertencente a uma instituição chamada Palavra da Vida. Entramos, fomos muito bem recebidos por um rapazote, que nos mostrou o lugar, onde vimos cachoeiras, trilhas pelo mato, quadras de esportes, etc. Local muito bonito, não minto. Tudo num clima meio ecológico, com a intenção de fazer o pessoal entrar em contato com a natureza. A mim, curioso que sou, me surpreendeu um guia muito bem elaborado, com todos os répteis e anfíbios mais comuns da região.

Até aí, só maravilhas. Agora, a parte que me tapa de nojo. A Palavra da Vida propõe acampamentos de verão com atividades integradoras e doutrinadoras para os jovens. Muito bem. Eu não apeei meu cavalo aqui nesse espaço pra pregar ateísmo nem nada, pois pra mim pregar é coisa de carpinteiro, mas tá aí algo que me irrita. E tem mais: por trás da instituição, que se diz sem fins lucrativos, estão missionários americanos (leia: exploradores). Isso me faz lembrar o que acontece na Amazônia Legal, onde centenas de seitas e missionários franceses, alemães e sei-lá-de-ondes fazem território e compram, com apoio do povo local e pagando em moeda de fé, as riquezas naturais do país. É.

Não sou nenhum queimador de igrejas, mas não consigo entender umas coisinhas. O sítio da Palavra da Vida é muito bonito por si só. A proposta de entrar em contato com a natureza é muy bela. Mas tudo isso é uma estratégia doutrinadora. É como se faz com ratinhos em laboratório: se quer que ele faça tal coisa, dá um pedaço de queijo como reforço positivo. Isso tem nome, e se chama Método Behaviorista Skinneriano, se bem me recordo. Acontece que doutrinar, pra mim, é muito apelativo. Fazer a cabeça de alguém é uma coisa que eu evito, e me dá um ranso de pensar que tentam fazer isso comigo o tempo todo. Um acampamento com uma proposta ecológica eu considero excelente. Usar isso de subterfúgio (e agora falei bonito) pra talhar numa mente bruta uma ideia impregnada de interesses duvidáveis, não me serve.

Não é bom conviver com gente diferente? Não é bom conhecer lugares novos, andar no mato (há quem não goste... me espanto, mas respeito!), acampar e tudo mais? Essas coisas são boas por si só, sem necessidade de ver um objetivo maior nelas. Exemplifiquei aqui mesmo, no início da postagem. Me sinto até um bagual muy romântico e meio finório ao olhar pra uma baita de uma árvore (um guapuruvu, tomadito de flor em final de primavera) e ver a beleza dela. E só dela. Na verdade, só dela chega a ser ofensivo. Uma árvore tem uma história muito mais interessante pra contar do que eu ou tu. Imagina que ela vem se alimentando só da terra e ar. Que um dia, tudo o que era necessário pra ela começar a história de vida tava dentro de uma semente que cabe no teu dedo. Eu acho isso muito mais interessante do que sentar em baixo dela, usando como sombra e ler um trecho da bíblia, porque me disseram que é de bueno alvitre.

Tá, vou parando por aqui. Da próxima vez que forem pra um acampamento temático, seja ele religioso, político, ou sei lá o quê, ignorem o motivo porquê estão ali e só estejam ali. O motivo, no final das contas, existindo ou não, não faz mais diferença.

Desculpem o texto meio disconexo e as pitadas de indignação, mas o bagual aqui corcoveia diante de algumas cousas. Pra acabar a história num ar de graça, saibam que as duas horas que passamos lá no rincão da Palavra da Vida, me passei por estudante sueco. Falando só inglês com meu amigo que tinha ido junto. O pessoal nem desconfiou, mesmo tendo uns americanos e alemães por lá. Pessoas muito boas, por sinal. Mas já queriam colocar um versículozinho em sueco no meu bolso...

Abraços brutais!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O Mundo Assombrado pelos Demônios - A Ciência vista como uma vela no escuro

Depois de muy bela payada recitada pelo amigo Barradas (que de tão bagual merecia ter mais uns três érres nesse nome), resolvi sair detrás do picumã e mostrar que aquele vivente ali no canto, comendo churrasco gordo e jogando os ossos pro Sabugo Chupado(que vem a ser o cachorro da estância, e que leva o nome por ser feio, mas FEIO. Feio de escorrer uma lágrima), não é mudo.
Pedi o violão e me preparei pra umas coplas buenachas, mas me ocorreu que não sabia o bastante pra me expor assim, que tenho meus brios. Fica prometida a réplica, que nem poderia ter esse nome porque não vou desembainhar a adaga(o que nem seria um problema na estância, que o Ocã já me carneava num vu!).Vou correr uma eguada de artigo, apartar um brioso e apareço por aqui pelo final do mês, pra falar do mesmo assunto.

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Mas como não acho certo vivente que se comporta como moça de família, que esquenta, esquenta mas não prende fogo, vou falar de alguma coisa, pra não parecer um bocaberta completo.E eu vou falar dum xirú macanudo e dumas poesias muy lindas que ele escreveu.O nome do homem é Carl Sagan, ou Carlos Sagaz. Seguido aparece por acá, com umas bombachas largas e favudas, montado no crioulo dele, de nome Cosmos.

Livre-arbítrio? Mas tu tá loco...

"Eu já me enchi desses homens-sim-senhor!
- Vou criar algo que tenha livre-arbítrio!"



Com licença, meus senhores, vai falar um blogueiro!

Serei direto, porque já é tarde e tenho que tirar um cochilo, pelo menos umas duas horinhas! Assunto polêmico nas atualidades, o livre-arbítrio foi posto à prova e, pra surpresa de muitos, melou.

A questão é simples. A resposta, nem tanto.

Temos capacidade de escolha: sim ou não? O que a gente pode falar, sem ter medo, é que temos a sensação de escolher o que fazemos. Mas o que sentimos não é necessariamente real. Por exemplo, quando vocês pegam um rabanete na mão, sentem como se estivessem encostando a pele na raiz, matéria na matéria. Acontece que não é verdade. A distância mínima que um corpo chega do outro é o Raio de Van der Waals, ou seja, não existe contato direto, só o resultado das interações eletrostáticas. Quando o vivente olha pra uma duna, parece que ela é totalmente recheada de areia, mas, na verdade, o que mais tem ali dentro são espaços vazios. Muito bem, adiante.

A experiência não confere sempre com a realidade, mas é importante pra nossa interação com o meio onde vivemos e do qual dependemos. Tendo em vista a importância disso, tá na cara que a seleção natural não ia amolecer pro lado dos que não sentiam nada. Pra demonstrar isso, é só dar uma olhada pros animais. Quase todos (e certamente, todos os mais abundantes) são dotados de órgãos de sentido. Sentem campos elétricos, ondas eletromagnéticas, ondas mecânicas, moléculas e otras cositas más.

A Bíblia diz e todo mundo sabe. Deus deu ao homem a capacidade de escolher o que faz. Acontece que tá se mostrando que não é bem assim, e eu vou explorar essa ideia de um jeito bem banal, que qualquer um é capaz de pensar.

Te imagina com uma decisão difícil: comprar um bagual crioulo ou fazer um puxadinho. O puxadinho tá fazendo falta, pois a patroa tá prenha de novo, e o varãozinho que tá pra nascer vai ser espaçoso que nem o pai. O cavalo é importante pra lida, vai ajudar a fazer uns bicos nos ranchos da região. Agora tu não sabe o que fazer. Vai começar a pensar no passado pra lembrar de histórias parecidas, nas vantagens de ter um cavalo, na história de alguém que ganhou filho recentemente, etc. A outra coisa que tu vai fazer é pensar no futuro, tentando prever o que pode acontecer se tu escolher uma coisa ou a outra. Essa capacidade de pensar no futuro a longo prazo é um diferencial importante dos homens. É difícil bicho que planeje tanto! Bom, vou dar o final da história. Tu vai escolher o puxadinho, porque, há dois anos, a mulher do João das Calhas teve filho, e eles tavam morando numa casinha de um quarto só. Acontece que a dita cuja ganhou o bebê e eles se acomodaram tudo no mesmo quarto. Daí o João anda puto da vida, pois disse que não tem mais intimidade com a patroa, que ela acha que abrir as pernas com o filho por perto é pecado. Imagina só! O cavalo a gente tenta conseguir emprestado, coisa e tal. Mas ficar dois anos ou mais sem uns amassos na querida, não tem como. Isso acaba com qualquer um.

Agora, a análise.

A decisão foi tomada. Aparentemente, o livre-arbítrio existe. É mesmo? Ou tudo o que tu fez foi condicionado por coisas as quais tu já tinha vivenciado? E se tivesse uma oportunidade de emprego boa que dependesse muito de um cavalo, tu ainda ia "escolher" o puxadinho? E se a tua mulher fosse um diabo feio, tua não ia achar bom ter uma trégua no rala-e-rola? Então, meu amigo. Tu agiu deterministicamente, boca-aberta. Pode parecer que tu tinha a capacidade de escolher, mas teu cérebro te lançou pro lado do puxadinho, pois a experiência armazenada que tu tinha dizia que isso era mais importante.

As escolhas tão determinadas por experiências anteriores e pela capacidade de planejamento.

Pra encerrar, que já to me estendendo demais. A sensação de ter tomado uma escolha acontece depois do teu cérebro ter te instruído a seguir um caminho. Não é muito intuitivo, eu sei, mas já tem um estudo provando isso.

Lógico que este artigo não tem a intenção de botar um ponto final na história. É um prelúdio da ópera, tô só iniciando a discussão e, confesso, de uma forma bem grosseira e pouco rigorosa. Tenho certeza que o companheiro Costa (Marcelão, também conhecido como Xiru Motoneta, Xiru Moranguinho e outros) vai se encarregar de escrever algo de melhor qualidade, mas, pra não deixar o blogue parado, vim aqui começar a peleia.

Agora nas férias, a coisa vai ficar meio devagar por aqui. Mas voltando o ritmo maluco do ano, as cousas vão se aprumando e tu vai ver mais conteúdo nessa budega. Já deixo aqui um incentivo ao companheiro Pimentel e ao Costa pra que escrevam. Tu também, que tá lendo aí. Se tiver vontade de escrever algo de acordo com a proposta desse blogue aqui, te esperta, é só falar comigo.

Um abraço do Pablito.