sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Resposta ao manifesto da Sociedade Brasileira do Design Inteligente


Àquelxs que quiserem se somar na assinatura deste manifesto-resposta, deixem o nome e a instituição da qual fazem parte nos comentários desta postagem. É interessante que, de preferência, o(a) assinante estude ou trabalhe em áreas minimamente relacionadas à teoria evolutiva. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Três concepções de "cientificismo"



Tenho me deparado inúmeras vezes com o termo cientificismo na literatura em filosofia da ciência, nas ciências humanas e, ultimamente, em debates a respeito da relação entre análise social e ideias de transformação da realidade, ou seja, sobre a relação entre teoria e ideologia. Resolvi pensar mais a fundo a respeito disso, e me dei conta de que podemos distinguir pelo menos três concepções que são frequentemente tratadas com este mesmo termo. Duas dessas concepções esposam cientificismos altamente problemáticos, como veremos. A outra traz um “cientificismo” saudável e necessário, de modo que seria mais interessante a denominarmos cientismo, para evitar a carga pejorativa que aquele termo ganhou com o tempo. A análise a seguir será tanto teórica quanto histórica. Foram adicionadas cinco notas referenciadas no texto e que estão ao final do mesmo na tentativa de esclarecer algumas questões, fazer citações e disponibilizar material para leitura. Mas vamos, então, às três concepções de cientificismo.

A natureza no ocidente e no zen (cuidado, texto holístico!)

Quando você está assistindo a uma dança, por acaso interrompe o dançarino para perguntar-lhe "e agora aonde é que você vai e qual é, exatamente, a significação de todos esses movimentos"? Não. Isso é coisa de cientista. Isso de analisar minuciosamente as partes. Acontece que muitas vezes essas "partes" não são mais significativas do que os metros o são para uma tábua, ou do que os quilos são para um saco de farinha. Talvez sejam um pouco mais verdadeiros: as ondas como partes do mar.


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Evidências para a existência de carma (ou Darwin e besouros) e uma dica de filme

Sinceramente não sei bem o significado de carma. Parece possuir vários, de acordo com o sistema filosófico/religioso. Desses significados o que me interessa aqui é o do senso-comum, que a maioria das pessoas pensa quando usa o termo; uma consequência negativa para uma ação. 

O carma nesse caso caiu sobre Darwin, e na forma de um pequeno besouro.


Desenho de Albert Way, mostrando Darwin caçando besouros.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Sobre nozes e aspiradores de pó: Colin McGinn e o progresso filosófico


Temos considerável crença no fato de que a ciência progride. Sabemos hoje mais sobre a natureza do que sabíamos ontem. A arqueologia, a neurociência, a biologia molecular, a física de altas energias e tantas outras áreas de pesquisa são capazes de pôr na mesa seus resultados e convencer qualquer um de que estão resolvendo problemas reais. Contudo, para o filósofo britânico Colin McGinn, a filosofia não pode fazer o mesmo e as causas que ele sugere para isso são ligeiramente desmotivantes...


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Um maconheiro chamado Carl

Hoje é aniversário da minha namorada e vou dar pra ela um pingente com a foto de uma nebulosa. Então estava procurando algumas palavras bonitas do Carl Sagan sobre nebulosas. E foi assim que descobri que ele fumava maconha.

Nada excepcional, diversos cientistas o fazem ou fizeram (Robert Trivers, por exemplo), mas Carl deixou um artigo precioso relatando suas experiências. E foi depois de lê-lo que resolvi escrever.

Sim, é do Carl autor de clássicos como Contato e Cosmos que estou falando.

O artigo em questão foi escrito sob o pseudônimo de "Mr. X" em 1969, quando ele tinha 35 anos, sendo mais tarde publicado no livro Marihuana reconsidered (Grinspoon 1971). O que lhes trago aqui são apenas alguns trechos, com tradução livre, de forma que recomendo a leitura do ensaio integral em "marijuana-uses.com/mr-x".


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

101 anos de Alfred Russel Wallace



        Sempre vale recordar que por terras brasileiras já passaram muitos naturalistas. Também vale sempre recordar que entre eles estavam Charles Darwin, Henry Bates e Alfred Russel Wallace. Esse último faleceu há 101 anos no dia de hoje, ainda que pouco lembrado tem muita história para contar. A trajetória de Wallace pelo Brasil e pelo mundo é umas das mais impressionantes por isso fica o convite para no dia de hoje conhecer um pouco mais sobre as suas diversas contribuições a ciência e a humanidade.

       Além do ensaio publicado no centenário de seu falecimento, fica também o convite para assistir uma animação sobre a vida de Wallace.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Quando os biólogos podem prejudicar a popularização do conhecimento evolutivo


A interface religião/evolução tem passado por alguns fatos marcantes nos últimos dias. O papa Francisco declarou que as teorias da evolução e do Big Bang não são incompatíveis com os postulados bíblicos [1]. Para ele, a evolução da natureza não se opõe à noção de criação. Tangenciando o mesmo tema, ocorrerá na próxima semana o primeiro Congresso Brasileiro de Design Inteligente. Esse evento procura marcar a consolidação da teoria do design inteligente (TDI) no Brasil e tem como uma das metas que essa “teoria” seja ensinada nas escolas brasileiras [2].

Além da óbvia relação entre esses dois acontecimentos, eles estão muito mais ligados do que parece. E isso por conta de alguns biólogos. A crença de que a teoria evolutiva não pode ser aceita e/ou compreendida corretamente por aqueles que acreditam em entidades sobrenaturais está se tornando cada vez mais comum entre os evolucionistas. Para alguns biólogos, deve ser um pré-requisito para a apreensão correta da teoria evolutiva que o sujeito aceite pessoalmente apenas explicações materiais dos fenômenos no mundo.


terça-feira, 4 de novembro de 2014

Human Universe: Licença poética, até onde é válido?

Apeman

Spaceman



Venho acompanhando os novos e aclamados documentários científicos da rede BBC que, na já antiga levada do Professor David Attenborough, hoje são apresentados pelo professor Brian Cox – Físico britânico e pesquisador da Royal Society University. Ao longo dos anos, Cox vem substituindo este respeitável biólogo de 88 anos com seu carisma e excelente didática.



Nessa nova série chamada Human Universe, Cox apresenta-nos a mais moderna abordagem sobre a evolução a partir do nosso ponto de vista: humanidade. Esperava eu que já tínhamos superado a ideia de evolução como uma narrativa linear, da archaea aos astronautas, como apresentam os clássicos documentários sobre o tema – crítica bem argumentada pelo editor Senior da Nature Henry Gee em seu artigo no The Guardian. De qualquer forma, todo investimento em divulgação científica é bem-vindo.