Depois de muy bela payada recitada pelo amigo Barradas (que de tão bagual merecia ter mais uns três érres nesse nome), resolvi sair detrás do picumã e mostrar que aquele vivente ali no canto, comendo churrasco gordo e jogando os ossos pro Sabugo Chupado(que vem a ser o cachorro da estância, e que leva o nome por ser feio, mas FEIO. Feio de escorrer uma lágrima), não é mudo.
Pedi o violão e me preparei pra umas coplas buenachas, mas me ocorreu que não sabia o bastante pra me expor assim, que tenho meus brios. Fica prometida a réplica, que nem poderia ter esse nome porque não vou desembainhar a adaga(o que nem seria um problema na estância, que o Ocã já me carneava num vu!).Vou correr uma eguada de artigo, apartar um brioso e apareço por aqui pelo final do mês, pra falar do mesmo assunto.
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Mas como não acho certo vivente que se comporta como moça de família, que esquenta, esquenta mas não prende fogo, vou falar de alguma coisa, pra não parecer um bocaberta completo.E eu vou falar dum xirú macanudo e dumas poesias muy lindas que ele escreveu.O nome do homem é Carl Sagan, ou Carlos Sagaz. Seguido aparece por acá, com umas bombachas largas e favudas, montado no crioulo dele, de nome Cosmos.
O Carl Sagan escreveu uma pá de livro, era físico de formação e naturalista por paixão, chegando a se baixarelar em biologia depois de físico BAGUAL, mas bagual de trabalhar na NASA.Baita divulgador da ciência, merece ser um dos primeiros nomes a figurar aqui. Já é falecido o homem, mas nada mais bonito que um lugar onde a gente pode se sentar do lado de gente assim(guapa, não morta), tomar um mate, contar uns causos.
E o livro?
"The Demon-Haunted World, no inglês; "O Mundo Assombrado pelos Demônios - A Ciência vista como uma vela no escuro", no português; "O Mundo Velho Sem Porteira Cheio de Assombração Que Me Tapo de Nojo- A Ciência vista como um fogo de chão no meio do campo, um breu escuro como piche, numa noite sem lua, os cachorro com medo da própria sombra, o vivente mais ainda, grudado na adaga", no campeirês(por motivos de diagramação e outras palavras bonitas,a editora ainda não lançou a versão em campeirês, mas tamo na luta, companheiro), é um baita livro. Se tua cama tiver cabeceira, coloca esse livrito lá. Mas não joga a bíblia fora, nem o livro do espírita aquele, porque o vivente nunca sabe quando vai precisar calçar uma porta, aparar uma mesa bamba, essas cousas.
O xirú Sagaz destrincha as pseudociências nos seus mais variados tipos como se destrincha carne de terneiro mamão. Às vezes a parada parece dura, a carne difícil de cortar, mas lá vai o bagual, que índio velho tem que saber desjuntar pra casar, e mete a adaga onde tem que meter.
Assombração, demônio, mágica, abdução, et, possessão, conspiração, casamento. O bagual vai lá e mete as caras em tudo que dá medo num reiúno sem instrução, sem medo de levar coice vai mostrando que a cousa é mais simples do que parece.Coisa linda de se ler, fácil, divertida. Chega dar vergonha de escrever a respeito, por medo de se falar injustiça.
Só lendo.
É a dica desse bagual que vos fala. Abraço apertado, mas meio de lado, que se tem uma cousa que me tapa de nojo, mas nojo de fazer arcada, essa cousa é homem e mulher de bigode.
vire o mate, companheiro!
Muito bem citado. Esse Carlos Sagaz é mais tinhoso que graxaim domesticado. Leitura obrigatória pra quem se interessa pela cousa.
ResponderExcluirVou conferir essa payada.
ResponderExcluirbaita livro, quem não leu tem que ler, quem leu incentivar quem não leu.
ResponderExcluirMuito boa, Marcelão!
ResponderExcluirAbraço
Belíssimo livro... bem temperado e bem dosado.
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