terça-feira, 20 de agosto de 2013

Novos Hereges

Por Renato Malcher, neurocientista.




Em 1600, aos 52 anos, o filósofo, matemático e astrônomo Giordano Bruno foi acusado de heresia e queimado vivo. Não se sabe ao certo o que pesou mais para que os inquisidores de Roma decidissem silenciar seu cérebro de forma tão exemplar: se sua convicção de que o Sol era apenas mais uma estrela no céu, ou sua crença de que existiam incontáveis planetas habitados no universo, cada qual com seus respectivos e diversos Deuses. Na idade das trevas, a heresia era o pior dos crimes, mesmo sem afetar a integridade física ou subtrair qualquer bem de outra pessoa. Um crime que, em termos práticos, pode ser definido como o ato de compartilhar qualquer pensamento que fosse distinto da verdade inventada por uma elite dominadora. Portanto, hereges eram aqueles que ousavam alforriar seus próprios neurônios.