Chegou minha vez! Vou me embretar pelos campos científicos dos companheiros, mas sem muito termo técnico, que também não sou tão metido assim. Lá vai.
A partir de doutrinas filosóficas pós-feudais (a começar pelo Hobbes, passando pelo Adam Smith) começou-se a levantar a questão do egoísmo humano intrínseco a todas as ações, em oposição ao ideal grego de que o homem é naturalmente um animal político (como as abelhas o seriam), razão pela qual sobrepor-se-ia a esfera social à individual. Surge, na modernidade, a ideia do contrato: constituímos o Estado por um acordo de vontades, para que cada um defenda da melhor maneira o próprio interesse (para sair do famigerado Estado de natureza). Outros, os quais creditam algum valor à existência humana, vieram dizendo que não: não é apenas olhando para o próprio umbigo que o homem faz suas escolhas, faz-se, eventualmente, o bem pelo bem; do contrário, qual a explicação para as situações em que o indivíduo nitidamente sacrifica seu interesse em favor do outro? (O resumo foi apertado e, provavelmente, equívoco, mas a ideia é essa).
Ao que parece, contudo, já se pode afirmar: não há o bem pelo bem. Em um estudo conduzido por Jorge Moll colocaram uns sujeitos numa máquina de ressonância magnética e ficaram monitorando suas atividades cerebrais enquanto postos frente ao seguinte teste: foi dado US$ 120,00 a cada um; então, a pergunta: doar o prêmio a uma entidade carente ou tomá-lo para si? O surpreendente foi o seguinte, em resumo: tanto os que doavam quanto os que ficavam tinham as mesmas áreas do cérebro em atividade, áreas relacionadas ao bem-estar, ao prazer, as quais também são atingidas quando fornicamos, ou usamos drogas, etc. Daí se conclui: os que doavam não o faziam pelo bem do outro, mas pelo próprio! Altruístas não existem; existem, isso sim, egoístas socialmente adequados. E, portanto, pode-se pensar que mesmo o julgamento moral de que o egoísmo é ruim (ou até qualquer julgamento moral) em última análise apenas procura inibir condutas que viriam a lesar os interesses daquele que julga. Trocando em miúdos: quando se diz "isso é ruim", o que na verdade se quer dizer é "isso é ruim para mim".
Ao que parece, contudo, já se pode afirmar: não há o bem pelo bem. Em um estudo conduzido por Jorge Moll colocaram uns sujeitos numa máquina de ressonância magnética e ficaram monitorando suas atividades cerebrais enquanto postos frente ao seguinte teste: foi dado US$ 120,00 a cada um; então, a pergunta: doar o prêmio a uma entidade carente ou tomá-lo para si? O surpreendente foi o seguinte, em resumo: tanto os que doavam quanto os que ficavam tinham as mesmas áreas do cérebro em atividade, áreas relacionadas ao bem-estar, ao prazer, as quais também são atingidas quando fornicamos, ou usamos drogas, etc. Daí se conclui: os que doavam não o faziam pelo bem do outro, mas pelo próprio! Altruístas não existem; existem, isso sim, egoístas socialmente adequados. E, portanto, pode-se pensar que mesmo o julgamento moral de que o egoísmo é ruim (ou até qualquer julgamento moral) em última análise apenas procura inibir condutas que viriam a lesar os interesses daquele que julga. Trocando em miúdos: quando se diz "isso é ruim", o que na verdade se quer dizer é "isso é ruim para mim".
Alguém dirá: a fome na África não é ruim para mim, e ainda assim me causa tristeza. A isso eu respondo: se te causa tristeza, é sim ruim pra ti, e só por isso (porque te causa algum tipo de mal estar) tens a tenção de eliminar essa situação; por algum motivo (talvez empatia; talvez porque na evolução apenas as espécies que se agruparam conseguiram prosperar; talvez ambos sejam a mesma coisa, realmente não sei) o sofrimento alheio entristece a normalidade das pessoas, e é a nossa própria tristeza que buscamos eliminar com nossas "boas ações".
No fundo, somos todos egoístas. A diferença é que o egoísmo de alguns beneficia os outros. Mas, afinal de contas, faz alguma diferença a motivação subjetiva de cada ato? Se o padeiro faz o pão simplesmente para alimentar ou para ganhar dinheiro, muda alguma coisa? Se o sujeito não trai a a sua prenda porque a ama ou porque tem medo de ser descoberto, por isso a dama vai ser menos/mais feliz?
Mas chega, aqui eu passo a cuia ao próximo.
Mas sim! Investigando o cerne da questão, chegamos num aparente contrasenso: o altruísmo movido a egoísmo.
ResponderExcluirCoisa bonita! Alguns não aceitam isso como verdade, pois acham possa descreditar as boas ações. Assim como Keats disse que Newton "tirou a graça" do arco-íris ao explicá-lo pelo fenômeno da refração. A la putcha!
Pra mim é bonito ver como um monte egoísta de fuligem com água demonstra comportamentos "altruístas".
Mas é isso... abraço xulo.
Na sua obra bem amarrada, "O Gene Egoísta", Dawkins aborda essa cerne da questão. Somos egoístas de maneira inerente.
ResponderExcluirTodas as proposições e posturas que assumimos diante das coisas mundanas é no intuito de busca o próprio bem-estar e sucesso; sucesso esse que pode ser reprodutivo, profissional, pessoal, etc.
O altruísmo é um comportamento selecionado evolutivamente para que possamos maximizar a oportunidade e chance de sucesso. Não há feiúra nisso, muito pelo contrário. É uma função bem engrenada. Fingimos em sociedade sermos altruístas, quando no fundo o que nos move é o sentimento egoísta íntimo. Somos hipócritas, e quem negar, é mais hipócrita ainda!
Keith Stanovich disse certa vez que: "As únicas pessoas que não são hipócritas são a minúscula e talvez não-existente minoria que é tão santa que nunca se entregam a seus instintos mais básicos e o grupo maior que nunca tenta viver segundo os princípios da moralidade ou virtude."
Os hipócritas são na verdade a classe mais nobre das pessoas.
"A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude". (François duc de la Rochefoucauld)