quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Um maconheiro chamado Carl

Hoje é aniversário da minha namorada e vou dar pra ela um pingente com a foto de uma nebulosa. Então estava procurando algumas palavras bonitas do Carl Sagan sobre nebulosas. E foi assim que descobri que ele fumava maconha.

Nada excepcional, diversos cientistas o fazem ou fizeram (Robert Trivers, por exemplo), mas Carl deixou um artigo precioso relatando suas experiências. E foi depois de lê-lo que resolvi escrever.

Sim, é do Carl autor de clássicos como Contato e Cosmos que estou falando.

O artigo em questão foi escrito sob o pseudônimo de "Mr. X" em 1969, quando ele tinha 35 anos, sendo mais tarde publicado no livro Marihuana reconsidered (Grinspoon 1971). O que lhes trago aqui são apenas alguns trechos, com tradução livre, de forma que recomendo a leitura do ensaio integral em "marijuana-uses.com/mr-x".


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

101 anos de Alfred Russel Wallace



        Sempre vale recordar que por terras brasileiras já passaram muitos naturalistas. Também vale sempre recordar que entre eles estavam Charles Darwin, Henry Bates e Alfred Russel Wallace. Esse último faleceu há 101 anos no dia de hoje, ainda que pouco lembrado tem muita história para contar. A trajetória de Wallace pelo Brasil e pelo mundo é umas das mais impressionantes por isso fica o convite para no dia de hoje conhecer um pouco mais sobre as suas diversas contribuições a ciência e a humanidade.

       Além do ensaio publicado no centenário de seu falecimento, fica também o convite para assistir uma animação sobre a vida de Wallace.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Quando os biólogos podem prejudicar a popularização do conhecimento evolutivo


A interface religião/evolução tem passado por alguns fatos marcantes nos últimos dias. O papa Francisco declarou que as teorias da evolução e do Big Bang não são incompatíveis com os postulados bíblicos [1]. Para ele, a evolução da natureza não se opõe à noção de criação. Tangenciando o mesmo tema, ocorrerá na próxima semana o primeiro Congresso Brasileiro de Design Inteligente. Esse evento procura marcar a consolidação da teoria do design inteligente (TDI) no Brasil e tem como uma das metas que essa “teoria” seja ensinada nas escolas brasileiras [2].

Além da óbvia relação entre esses dois acontecimentos, eles estão muito mais ligados do que parece. E isso por conta de alguns biólogos. A crença de que a teoria evolutiva não pode ser aceita e/ou compreendida corretamente por aqueles que acreditam em entidades sobrenaturais está se tornando cada vez mais comum entre os evolucionistas. Para alguns biólogos, deve ser um pré-requisito para a apreensão correta da teoria evolutiva que o sujeito aceite pessoalmente apenas explicações materiais dos fenômenos no mundo.


terça-feira, 4 de novembro de 2014

Human Universe: Licença poética, até onde é válido?

Apeman

Spaceman



Venho acompanhando os novos e aclamados documentários científicos da rede BBC que, na já antiga levada do Professor David Attenborough, hoje são apresentados pelo professor Brian Cox – Físico britânico e pesquisador da Royal Society University. Ao longo dos anos, Cox vem substituindo este respeitável biólogo de 88 anos com seu carisma e excelente didática.



Nessa nova série chamada Human Universe, Cox apresenta-nos a mais moderna abordagem sobre a evolução a partir do nosso ponto de vista: humanidade. Esperava eu que já tínhamos superado a ideia de evolução como uma narrativa linear, da archaea aos astronautas, como apresentam os clássicos documentários sobre o tema – crítica bem argumentada pelo editor Senior da Nature Henry Gee em seu artigo no The Guardian. De qualquer forma, todo investimento em divulgação científica é bem-vindo.


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Robert Peters e sua crítica à ciência ecológica


Robert Peters (1946-1996)

Quem foi Robert Peters

Robert Henry Peters (1946-1996), um importante cientista na área da ecologia e da limnologia, foi um grande interessado nos aspectos filosóficos da ciência. Publicou artigos pertinentes a respeito, por exemplo, da ecologia e sua visão de mundo (1971); do que concebia como tautologias na ecologia e na evolução (1976); da constituição da ecologia como ciência proveniente da história natural (1980a); do que ele tratou como conceitos úteis para uma ecologia preditiva (1980b); e de alguns problemas gerais que precisam ser enfrentados pela ecologia (1988). Mas foram três importantes obras que o tornaram amplamente conhecido no meio científico: The ecological implications of body size (1983), A Critique for Ecology (1991) e Science and Limnology (1995).

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Organismo e ambiente: quem é quem nessa história?

Imagem: http://www.wakaleo.net/
Toda teoria é um modelo. E como modelo, precisa ser didático; para nós mesmos. Da mesma forma que o professor esquematiza processos complexos para que os alunos em sala de aula "captem" a essência da matéria, sem pequenas nuances, exceções, variações, detalhes que dariam um nó nas cabeças que estão vendo aquilo como novidade, o cientista simplifica o mundo para si mesmo.

Darwin precisou romper com uma visão integralista e muitas vezes mesmo holística da natureza para chegar à sua forma de explicar o mundo vivo. Antes dele não havia muita distinção entre o físico e o biológico, entre o interno e o externo, e como tal, entre o ambiental e o hereditário. Foi preciso uma separação absoluta entre os processos internos, que geravam o organismo, e os externos, que geravam o ambiente.


domingo, 19 de outubro de 2014

Socialismo(s): libertário, ditatorial ou reformista?

A Associação Internacional dos Trabalhadores (A.I.T.), fundada em 1864, prezou pelo federalismo e pela ação direta desde seu primeiro congresso, em Genebra (1866). É apenas em 1872, no congresso de Haia, que se delibera pela participação dos trabalhadores nas eleições. A partir daí, o socialismo passa a apresentar duas estratégias distintas: a via que mantém a opção pela luta econômica independente e a via que propõe a conquista do poder do Estado.

Com o início do século XX, passam a se tornar bastante claras três estratégias distintas: (i) a luta econômica independente (seguindo princípios organizativos básicos da Iª Internacional, encarnada a partir desse momento no sindicalismo revolucionário), defendida -- não só -- pelos anarquistas; (ii) as reformas parlamentares como meio para o socialismo, defendida pelos social-democratas; e (iii) a estratégia que propõe a "ditadura do proletariado" como etapa necessária, defendida pelos bolcheviques, após romperem com a social-democracia.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Errico Malatesta sobre Socialismo e Anarquismo


Trecho final de Socialismo e Anarquia, escrito por Errico Malatesta (1853-1932) em A Anarquia, número único. Londres, agosto de 1896.


[...] A marca essencial do socialismo é que ele aplica-se de uma maneira igual a todos os membros da sociedade, a todos os seres humanos. Isto implica que ninguém pode explorar o trabalho de outrem graças à monopolização dos meios de produção; que ninguém pode impor sua própria vontade a outros por meio da força bruta ou, o que é pior, graças à monopolização do poder político; a exploração econômica e a dominação política são os dois aspectos de uma mesma realidade, a sujeição do homem pelo homem, e só podem resolver-se uma pela outra. 

terça-feira, 24 de junho de 2014

Mikhail Bakunin sobre Estado e dominação


Quem quer, não a liberdade, mas o Estado,
 não deve brincar de revolução” (Bakunin, 1873)

Trecho escrito por Mikhail Bakunin em Estatismo e Anarquia (1873)
[...] Já exprimimos várias vezes uma aversão muito viva pela teoria de Lassalle e de Marx, que recomenda aos trabalhadores, se não como ideal supremo, pelo menos como objetivo essencial imediato, a fundação de um Estado popular, o qual, como eles próprios explicaram, não seria outra coisa senão “o proletariado organizado como classe dominante”.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Uma Copa que não respeita os direitos civis básicos

ESCRITO POR PABLO ORTELLADO
18 de junho de 2014
Publicado aqui

A cada dia que passa, recebemos notícias mais graves da suspensão dos direitos civis no Brasil. Desde a semana da abertura da Copa, quase todas as manifestações públicas programadas foram dissolvidas preventivamente, ou seja, foram impedidas por força policial de se concentrarem, numa flagrante violação da Constituição.

Centenas de ativistas em todo o território nacional estão sendo regularmente visitados de maneira intimidatória pela polícia, que também os está intimando a depor coercitivamente durante datas de manifestação com o intuito de privá-los de um direito que deveria ser sagrado em qualquer democracia. Até a Polícia Federal está fazendo uso da infame Lei de Segurança Nacional, um dos mais abjetos resquícios da ditadura militar. Tudo isso para que um torneio de futebol ocorra "sem transtornos".