Buenas!
Desta vez trago mais uma buena payada do companheiro uruguayo Eduardo Galeano.
O texto traz mais dois exemplos, atuais, da velha política latinoamericana de entreguismo e dependência, com origem naquela distante e "gloriosa" data de 12 de outubro de 1492: a soja e a celulose. Hoje, bem mascarada pela promessa de progresso e desenvolvimento, essa mesma política continua sugando as enormes riquezas da América Latina em direção às economias mandantes, comprometendo a biodiversidade e agravando a desigualdade social.
A maldição da sua própria riqueza, como coloca Galeano na sua grande obra "As veias abertas da América Latina".
"A divisão internacional do trabalho consiste em que uns países se especializam em ganhar e outros em perder. Nossa comarca do mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce: se especializou em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se lançaram através do mar e cravaram-lhe os dentes na garganta. Passaram os séculos e a América Latina aperfeiçoou suas funções. Este já não é o reino das maravilhas onde a realidade derrotava a fábula e a imaginação era humilhada pelos troféus da conquista, as jazidas de ouro e as montanhas de prata. Mas a região segue trabalhando de serva. Continua existindo à serviço das necessidades alheias, como fonte e reserva de petróleo e ferro, cobre e carne, frutas e café, matérias primas e alimentos com destino aos países ricos que ganham, consumindo-os, muito mais do que a América Latina ganha produzindo-os."
Eduardo Galeano, Las venas abiertas de América Latina, 1971 (tradução livre).
Segue o texto!