terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Oscar

A história de Oscar (o gato ao lado) é no mínimo curiosa. Lembra muito os causos que ouvimos por aí, contados por nossos avôs: “Uma vez a água do açude evaporou junto com os ovos dos peixes e depois choveram peixes”.

Oscar foi adotado por funcionários de uma clínica geriátrica que cuida de pacientes com mal de Alzheimer, síndrome de Parkinson, câncer e várias outras enfermidades.

Não sei bem o motivo de terem adotado o gato. Talvez o bichano fosse um filhote abandonado, ou talvez tenha sido deliberadamente adquirido para alegrar os pacientes, e isso não é frescura, existem estudos que demonstram que animais de estimação são bons em aliviar o estresse e conseqüentemente problemas cardíacos. Mas o porquê de ele ter sido adotado não importa.

O interessante é que desde sua adoção ele está prevendo quando os pacientes vão morrer. Como essa afirmação pode muito bem ser interpretada como absurda já vou disponibilizando o artigo original, que na verdade é mais um relato. O texto foi publicado no The New England Journal of Medicine, uma revista científica bem conceituada.

Conta o relato, que durante suas “horas de trabalho”, Oscar caminha pelos corredores da clínica e eventualmente entra em um quarto, não dando muita atenção a qualquer pessoa que não seja o paciente. Em alguns casos, Oscar simplesmente pula na cama, olha pra o paciente, fareja algo e então vai embora (ainda não é a hora!).

Mas em outros momentos, depois de fazer seu “exame” no paciente, ele permanece sobre a cama, se aconchega junto ao paciente e lá permanece ronronando. Esse é o sinal. As enfermeiras já sabendo da habilidade do bichano se apressam para ligar para a família do paciente e avisar que está na hora de se despedir.

Infalivelmente, segundo o texto Oscar já previu a morte de mais de 25 pessoas.

“After all, no one dies on the third floor unless Oscar pays a visit and stays awhile.”

Muitas vezes, o aviso de Oscar é importante já que não permite que os pacientes faleçam sozinhos, já em outros casos, quando a pessoa não tem família, o próprio Oscar é o companheiro nos momentos finais (mesmo nos casos em que a família está presente Oscar permanece até o suspiro final). Oscar foi homenageado com uma placa, mostrando que os funcionários e familiares o tem em mais alta conta.

“For his compassionate hospice care, this plaque is awarded to Oscar the Cat.”

Não vou negar que fiquei com certo receio de escrever sobre Oscar no blog, uma vez que a história pode ser encarada por muitas pessoas como algo sobrenatural. Isso seria facilitado pela grande presença do gato na mitologia e em filmes como Constantine.

Certamente não acredito que o gato esteja ajudando as pessoas a chegar ao céu, como pensam alguns dos familiares das pessoas que receberam a companhia de Oscar.

Ninguém sabe ao certo porque e como Oscar faz o que faz. Os gatos podem ser animais afetivos, e existem outros relatos curiosos como o caso da gata que deu a luz aos seus filhotes junto a sepultura de seu falecido dono (a história foi divulgada no Globo Repórter, em um programa que contou com a participação de nosso professor, Renato Flores).

Mas no caso de Oscar os pacientes não são seus donos, muitos deles não devem ter tido muito contato com ele antes da visita final.

Uma explicação, para uma caso (não real) semelhante é dada pelo personagem House. Acho possível que o episódio em questão (5X18) tenha sido produzido como uma crítica a história do gato Oscar, mas não sei afimar. A explicação é que as pessoas, momentos antes de suas mortes estavam com febre, e o calor agradou o gatinho que permaneceu com elas se esquentando. Seria uma explicação simples e interessante, mas não sei se ela se aplica aos casos reais. Se alguém tiver algum dado sobre isso, ou souber se os produtores do programa se basearam em algum trabalho, ajudaria.

Apesar de House ser um ficção, a explicação dada no programa deixa claro que a explicação pode ser bem banal. Outras variáveis ambientais podem estar indicando ao gato quem irá morrer, como salientou o grande primatólogo holandes Frans de Wall (que especulou sobre a percepção de padrões emocionais dos pacientes). O gato poderia estar percebendo algo na coloração da pele, no cheiro ou até mesmo no padrão de respiração das pessoas. Mas fica complicado achar qual o indicativo em meio a tantos casos.

Fica a história, certamente aberta a debates, muitos deles realizados em bares, como aqueles causos comentados no início do texto.

6 comentários:

  1. Interessante...
    Vou procurar a respeito.
    Gostei da tag "humor" que colocaste =P

    ResponderExcluir
  2. Sobre os causos do vovô: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4300209-EI294,00-Cidade+australiana+e+atingida+por+chuva+de+peixes.html

    ResponderExcluir
  3. Gostei da preocupação de uma das moradoras.

    E se outra coisa maior começar a cair? hehehehehe...

    Mas nesse caso os peixes não teriam que se desenvolver desde a fase de ovo até o adulto no meio das nuvens.

    ResponderExcluir
  4. realmente interessante. De fato, precisaremos de incontáveis visitas ao bar, a fim de discutir o causo.

    ResponderExcluir
  5. Essa história do gatinho me remete a esse artigo científico. Publicado numa revista com fator de impacto = 1,771, em janeiro de 2011.

    http://www.4shared.com/document/62PMmKo8/An_Investigation_of_Mediums_Wh.html

    ResponderExcluir
  6. Bom dia,

    Gostaria de relatar fato verídico, ocorrido em minha família, sobre a presença de gatos em locais de repouso de pacientes que evoluíram a óbito após a presença persistente do mesmo:

    "Meu pai desencarnou em junho/2008. Dias antes do seu desencarne o gato insistia em permanecer dentro da sua casa.
    Meus pais nunca tiveram gatos como bichinho de estimação, somente cachorros.

    Minha mãe, dias antes do desencarne do meu pai, tento retirar o gato do seu lar, mas, até aonde eu sei sem sucesso. Dias depois do seu aparecimento meu pai retornou para o mundo dos espíritos.

    Fica a cargo de quem tem por iniciativa própria refletir sobre a ação contínua do felino em permanecer próximo ao paciente, mas, quando um determinado fato é observado por pesquisadores em diferentes áreas de estudo, certamente é inegável a expressão: "Só por que você não vê isto não explica a sua eventual cegueira."

    Abraços,
    Kátia Regina Maba
    Blumenau (SC).

    ResponderExcluir