Três militantes do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens)
foram condenados nessa quinta-feira (dia 14) por uma ocupação feita em 2007 na
usina hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. Essa ocupação foi realizada por cerca de 500
moradores (de comunidades de pescadores) do entorno do lago formado pela usina
com o objetivo de aumentar o valor da indenização às famílias que sofreram os
impactos da obra.
É o judiciário mostrando a quem serve quando o que está
em questão é a ação direta legítima e popular frente ao lucro excludente dessas
grandes empresas. A hidrelétrica (UHE) de Tucuruí foi talvez uma das
construções de maior impacto socioambiental que o Brasil já teve. Foi alagada
uma área de três mil km² em plena Amazônia, deslocando 32 mil pessoas de suas
moradias.
Municípios com área alagada pela hidrelétrica de Tucuruí |
Essa usina
foi construída em época de ditadura militar, onde não havia preocupação alguma
com questões ambientais e um desprezo geral pelos direitos humanos. Porém,
relativo à construção de hidrelétricas, praticamente nada mudou com nossa atual
democracia burguesa. Grandes UHEs continuam a ser planejadas e implantadas sob
o mote de "obras de interesse público", sendo que o 'resto' (impactos
ambientais e sociais) pouco importa. Poder-se-ia argumentar que,
diferentemente, hoje são feitos estudos sobre os possíveis impactos dessas
obras. Mas em que medida esses estudos são levados em conta nas tomadas de
decisão? Quão seriamente são considerados para que inviabilize a construção de
novas hidrelétricas? E qual sua qualidade, na medida em que são encomendados
pelas próprias empresas que gerarão os impactos?
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* Para saber mais sobre a atual tendência de construção de hidrelétricas na
bacia amazônica (e também nas bacias do Congo e do Mekong), clique aqui.
* Para saber mais sobre a condenação, no dia 14, dos ativistas do MAB, clique aqui.
* Para saber mais sobre a ocupação de 2007 feita pelos moradores do entorno do
lago da hidrelétrica de Tucuruí, que originou a condenação do dia 14, clique aqui.
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