“não, eu
não concordo com cortes de gastos na pesquisa brasileira; no entanto,
compreendo os cortes frente à conjuntura atual;” (parágrafo 2)
“É claro
que a ciência faz parte da construção de um país mais justo, mas ela não é
prioridade frente a investimentos imediatos em politicas sociais, educação e
saúde.” (parágrafo 6)
“É compreensível, portanto,
que em um período conturbado os investimentos em ciência diminuam. É claro que
a ciência deve ser um pilar nacional, mas convenhamos que os gastos em
programas sociais e saúde são mais importantes para o povo brasileiro de forma
imediata. E até mesmo essas áreas sofreram cortes. Se está ruim para o
cientista na bancada, imagina para a família quem tem o bolsa família cortado.” (parágrafo 8)
Essas são
citações retiradas do seu texto original. Eu considero que elas expressam uma falsa dicotomia. Concordo que se não há outra forma de proceder (de
modo que é necessário cortar verbas da pesquisa básica, da saúde e de programas
de assistência social), então é razoável pensar que o maior corte de
verbas deve se dar na pesquisa básica em relação às outras duas áreas. No
entanto, embora o consequente seja razoável dado o antecedente, discordo da
razoabilidade do antecedente.
É isso que tentei expor na minha réplica.
Imagino que o Leonardo não “pressupõe” os cortes como algo
“inevitável”. Eu utilizei esses termos na réplica porque penso que o texto dele foi construído sobre essa base. Mesmo que ele não os considere inevitável, o texto, a meu ver, é trabalhado com o pressuposto da razoabilidade dos cortes na pesquisa científica. Parece-me que esse é um pressuposto que guia todo o texto. Em outros termos, entendo que a necessidade dos cortes é tomada como hipótese de trabalho. Minha crítica é
exatamente em relação a essa hipótese de trabalho. O que expus na réplica foi atentar para o perigo que podemos
correr em argumentar com base nesse pressuposto. Parece-me mais relevante criticar tal pressuposto à considerá-lo como hipótese de trabalho.
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