Recentemente a Netflix lançou uma nova edição do documentário chamado Cowspiracy, e dessa vez com Leonardo
DiCaprio como produtor executivo. Não que isso mude muita coisa, mas é um nome
que chama a atenção e não aparece uma única vez no desenrolar do filme. O
questionamento deste documentário dá-se pela voz e rosto de Kip Andersen. O seu
ponto principal é: a Agropecuária é a industria mais destrutiva no planeta hoje
e por que ninguém, nem mesmo as grandes organizações ambientais, fala a
respeito?
Parafraseando Howard Lyman, “Não se
pode ser ambientalista e comer produtos animais, ponto! Engane-se se quiser.
Caso quiser alimentar o seu vício, faça-o. Mas não se considere um
ambientalista”. Lyman é um dos entrevistados no filme, um senhor que abandonou
a profissão de engenheiro agrônomo e a agropecuária após 40 anos. Ele ficou
famoso após participar do programa da Oprah e revelar uma verdade maquiada pela
propaganda da indústria alimentícia e pela mídia. Pagou caro. Revela que gastou
milhares de dólares em função de processos que se decorreram após o
acontecimento.
Todas as maiores organizações
ambientalistas ignoram, mas por quê? GreenPeace, Sierra Club, Surfrider, Oceana, RainForest
Action Network, Amazon Watch, WWF, SeeSheaper. Será devido a possíveis prejuízos políticos
e perda de doações?
De acordo com o Relatório Worldwatch ONU de 2009, 51% da emissão de gazes de efeito
estufa vem da agropecuária, diante de 13% vindo do transporte (carros, ônibus,
aviões, navios, trens). O metano é imbatível contra o dióxido de carbono. Para
termos idéia de escala: o gado produz 130 vezes mais escremento do que toda
população humana, com a diferença de que não há obviamente tratamento
sanitário.
O ex-diretor do GreenPeace, Will Anderson, fala hoje abertamente sobre a situação: “Organizações
ambientais bem como outras organizações não dizem a verdade sobre o que o planeta
precisa vindo de nós, enquanto espécie. É frustrante, porque a informação está
diante deles. Está documentada em artigos científicos e periódicos. Está
disponível a todos, mas as organizações ambientais recusam-se a agir. Não se vê
a Greenpeace defender que a dieta é
importante, que a agropecuária é o problema. Recusam-se a analisar a questão, como
outras organizações ambientais. A comunidade de ambientalistas está falhando conosco
e com o ecossistema. É muito frustrante vê-los fazer isto”. Recentemente GreenPeace se manifestou a respeito das
discussões apontadas pelo documentário (o link para sua leitura encontra-se nas
referências). Como bem citaram no filme: “compactuar com o silêncio de nossos
amigos é mais doloroso do que ouvir de nossos inimigos”. Resta saber a quem
atribui-se cada papel.
Mas e a pesca? Estima-se que 75% das
áreas de pesca são super exploradas de acordo com relatórios da ONU. Pelo
método de redes industriais a proporção não faz jus: para cada 450g de pescado há
2,3kg que não são utilizados! Isso significa que para o consumo atual de 100
milhões de toneladas de peixe por ano, há 500 milhões de toneladas mortas por
nenhum motivo (tubarões, golfinhos, baleias, etc.) E seu mecanismo de esgotamento
em série é também ineficiente. Esgota-se uma espécie e a pesca avança para
outra espécie, e assim por diante. A pesca não é uma fonte de proteína
sustentável.
Isso tudo somente para abordar
questões ambientais, nem se quer foi abordado a ética, o especismo, a nutrição,
etc. Há diversos motivos para uma mudança radical a uma dieta vegana. Sam
Harris, por exemplo, concorda. Esta semana ouvimos o podcast deste célebre
filósofo pedindo por ajuda para iniciar uma dieta vegana com seguração
nutricional. Ele está convencido de que este é o caminho mais correto a seguir
de maneira ética. Harris chega a arriscar-se, comparando a matança de animais
na indrústria alimentícia com atos bárbaros já superados, como queimar supostas
bruxas. É exemplar ouvir doutores de renome admitindo a falta de conhecimento
em certas áreas e pedindo por ajuda.
Estudei por seis anos engenharia de
minas tentando contribuir na melhoria dos métodos para tornar essa atividade
menos agressiva possível ao meio ambiente. Minha conclusão ao término do curso
foi que contribuo mais sendo vegano. A ironia apresenta-se, mas não ignora a
culpa de diversos campos industriais tão enraizados em nossa sociedade que
passam despercebidos; seja a mineração, seja a industria alimentícia. Devemos
estar atentos e dispostos a mudar diante das evidências.
Referências:
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