segunda-feira, 12 de maio de 2014

O poder da Comunidade: como Cuba sobreviveu ao pico do petróleo (2006)

"Quando a União Soviética entrou em colapso em 1990, a economia cubana entrou em queda livre. Com as importações de petróleo cortadas em 50% e as importações de alimentos cortadas em 80%, as pessoas estavam desesperadas. Este filme encorajador e fascinante mostra como as comunidades reagiram juntas, criaram soluções e finalmente prosperaram, apesar da sua menor dependência de energia importada. No contexto das preocupações mundiais com o pico petrolífero, Cuba é uma visão inspiradora de esperança."


Apesar de todas as críticas que possamos fazer à Cuba, a experiência mostrada no vídeo é muito interessante. É mais um exemplo de como a humanidade consegue se "adaptar" às mudanças. O documentário mostra que essa experiência não foi posta em prática simplesmente por uma ideologia ou por sonhos de uma sociedade melhor, mas por cruel necessidade. Em 1992 as pessoas estavam vivendo com 2 dólares por mês, devido à profunda crise econômica em que o país entrou. Foi justamente por essa crise que se fez necessário - como uma questão de vida ou morte, literalmente - pensar em alternativas para a ilha. O vídeo informa que a maior transformação se deu na agricultura. De um país com a agricultura mais industrializada da América Latina e com utilização de agrotóxicos maior que os EUA, Cuba passa a ter 80% de sua agricultura orgânica. Criou-se uma nova cultura na produção de alimentos. Investiu-se na agricultura urbana, de pequena escala, com policultivo, etc. Além de outras transformações, o vídeo mostra a mudança para a utilização de energias alternativas, como a eólica e a solar, principalmente de forma descentralizada.

- A parte relacionada à agricultura vai dos 15min50seg até os 35min.

O objetivo do documentário foi entender (e divulgar) como Cuba se adaptou às mudanças que lhe foram impostas após a queda da União Soviética (em 1990), que era de onde vinha a maior parte de seu petróleo e alimento, e após o fortalecimento do embargo econômico dos EUA (em 1992).

A meu ver, hoje vivemos uma crise socioambiental de dimensões globais. Por mais quanto tempo continuaremos aprofundando essa crise? Quando passaremos a caminhar no sentido contrário ao atual? Quando a sociedade e o meio ambiente passarão a se tornar prioridade? Certamente eu não tenho essa resposta, mas eu afirmaria fortemente o seguinte: não podemos esperar que as nossas "autoridades" tomem essa atitude, porque elas estão ocupadas tratando de questões "muito mais importantes". A transformação radical da sociedade vai ser obra da própria sociedade, ou não se tratará de uma transformação radical.
Portanto, se nosso objetivo é sair dessa crise e construir uma sociedade realmente justa e sustentável, tratemos de criar poder popular!

A outra posição é um beco sem saída: se continuarmos como estamos - num processo de aprofundamento da crise - de fato não haverá alternativa.

Para os céticos (que nesse caso seriam melhor denominados "cegos"), que são os poderosos politica e economicamente nesse planeta, é preciso dizer que (1) existe um limite biofísico da terra; (2) seus recursos naturais são limitados; e (3) o ser humano depende desses recursos. Na verdade, formamos uma teia da vida com nosso ambiente e somos parte integrante dele. Ou estamos com ele, ou não estamos.

O problema é que esses "cegos" são deliberadamente cegos. Essa constatação não alterará suas prioridades. Por isso nós, como sociedade, precisamos incorporar essa ideia fundamental. É aí que reside a necessidade de criação do assim chamado PODER POPULAR. Só assim faremos a mudança necessária!

2 comentários:

  1. De pleno acordo. As elites políticas e econômicas estão tão dramaticamente enrascadas nas suas gigantescas necessidades, que é ingenuidade esperar que justo eles exercitem o desapego. Estão distantes demais das coisas básicas da vida. Em outros termos: estão perdidos. A saída está nas mãos de quem tem menos posses e necessidades. Parabéns peli site e pela mensagem! Jorge Herrmann - www.jorgeherrmann.com

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  2. De pleno acordo. As elites políticas e econômicas estão tão dramaticamente enrascadas nas suas gigantescas necessidades, que é ingenuidade esperar que justo eles exercitem o desapego. Estão distantes demais das coisas básicas da vida. Em outros termos: estão perdidos. A saída está nas mãos de quem tem menos posses e necessidades. Parabéns peli site e pela mensagem! Jorge Herrmann - www.jorgeherrmann.com

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