domingo, 21 de julho de 2013

Ocupação FACED

Página da Ocupação

Carta à direção da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Nós, estudantes da graduação e pós-graduação de diversos cursos, que compomos Diretórios, Centros Acadêmicos e Coletivos, reconquistamos o espaço histórico do movimento estudantil, que já esteve privatizado e, nos últimos tempos vinha sendo utilizado como depósito na Faculdade de Educação da UFRGS (FACED). Informamos que, a partir do dia 10 de Julho de 2013, o movimento estudantil da UFRGS estabeleceu no local um espaço de cultura e vivências gerido pelo DAFE, com total apoio das entidades que assinam este documento.

Com a aprovação do Reuni, a UFRGS passou por uma grande expansão em seus cursos e no número de alunos. Entretanto, essa expansão veio se caracterizar pela sua grande precariedade. Hoje, em todas as Unidades da universidade há uma luta, por vezes selvagem, por espaço. Faltam espaços para salas de aulas, laboratórios, sala de professores, vagas na moradia estudantil. Toda a comunidade acadêmica sofre amargamente as consequências desse processo. Isso se reflete claramente em nossa questão. Acreditamos que todas as propostas apresentadas para a utilização do antigo Café FACED demonstram, mais uma vez, esse problema. Por mais justificadas que essas sejam, é preciso que toda a comunidade acadêmica compreenda que todos só temos a perder caindo na lógica de uma disputa selvagem pelos espaços, ao invés de nos unificarmos na luta por uma expansão planejada e consistente para a universidade.

É justamente por isso que é vital o respeito à autonomia do movimento estudantil e seu direito por espaços condignos para que possamos realizar nossas atividades. Sem organização autônoma de todas as categorias da UFRGS não pode haver uma luta consistente para reverter esse processo de expansão precarizada.

É preciso lembrar que o problema dos espaços na UFRGS liga-se a sua privatização. O antigo Café FACED é um símbolo disso. Ele ocupava um lugar que no passado era gerido pelo movimento estudantil da UFRGS e, privatizado, passou para a exploração de um bar, como tantos outros antigos espaços dos estudantes nesta universidade. Aliás, como ocorre de forma crônica com inserção de empresas privadas que ocupam espaços nos laboratórios, institutos e até na Casa de Estudantes.

Pouco tempo após a desocupação do espaço onde operava o Café FACED, o Diretório Acadêmico da Faculdade de Educação (DAFE), devido às demandas estudantis sobre o espaço organizou um abaixo assinado para documentar esta necessidade. Neste documento foram reunidas mais de quatrocentas assinaturas, constando entre elas não só as de alunos, como também de docentes. No entanto na semana seguinte o espaço passou a servir de depósito para entulhos. Apenas após a apresentação do abaixo assinado, o DAFE foi informado da existência da Comissão de Infraestrutura da unidade, na qual imediatamente inseriu-se; o que acabou sendo insuficiente, visto que não foram apresentadas soluções reais e concretas.

Em um momento subsequente, foi realizado o Ato do Café Junino no qual os alunos da Faculdade expressaram a importância de um novo espaço. Embora os estudantes estivessem apenas fazendo uma confraternização, houve por parte da segurança da UFRGS, como de praxe, repressão. Durante o café foi chamada a primeira assembleia dos estudantes da pedagogia para discussão dos espaços estudantis e desta foi tirada uma comissão responsável por pensar as ações posteriores. A partir disso, houve o Ato dos Cartazes, no qual os estudantes da FACED reforçaram a discussão sobre a urgência da reconquista deste espaço, que servia como depósito, propondo, para ele, uma gestão estudantil autônoma, com abertura para toda comunidade. Dando continuidade à ação, foi realizada a segunda assembleia, na qual foi deliberado que o representante discente levasse as propostas dos estudantes à reunião do Conselho da Unidade (CONSUNI), que se negou a discutir os espaços estudantis no período demandado.

Durante a Assembleia Geral dos Estudantes da UFRGS, ocorrida no dia 27 de Junho de 2013, diversos diretórios e centros acadêmicos apresentaram como reivindicação a ocupação do espaço do antigo Café FACED pelo movimento estudantil. Esgotando todas as possibilidades de acordos burocráticos, os estudantes decidiram retomar o espaço, ocupando-o no dia 10 de julho de 2013.

Se tanto já fizemos para mostrar nossas propostas para este espaço alguns podem se perguntar, afinal, por que os estudantes ocuparam o espaço? Nossa resposta é simples: ocupamos, pois estamos decididos a não esperar mais para que nossas reivindicações sejam ouvidas. Ocupamos como forma de protesto diante do sufocamento da voz dos estudantes em nossa universidade. A gestão da universidade e a escolha de seus dirigentes são profundamente antidemocráticas, baseadas na proporcionalidade 70, 15 e 15. Ocupamos para fazer valer nossa voz e nossas reivindicações frente a um sistema que é, verdadeiramente, uma desproporcionalidade.

Há tempos que nós, estudantes da UFRGS, viemos sendo prejudicados por diversas medidas autoritárias da reitoria e das direções de unidade que vêm cerceando nossos direitos acerca da plena utilização e aproveitamento dos espaços estudantis. Nos diversos campi, os Diretórios e Centros Acadêmicos tiveram seus espaços e autonomia restringidos, visando dificultar sua atuação na organização e representação estudantil. Diante de tal situação no dia 10 de Julho de 2013, ocupamos o antigo depósito da FACED e passamos a gerir o espaço de forma autônoma, estabelecendo nele, a partir de então, um centro de cultura e vivências. Solicitamos à direção da unidade o termo de cessão do espaço para o DAFE, a fim de que a situação jurídica do espaço seja regularizada.

Assinam,

DCE – DAFE – DAECA – APG – CAAR – CHIST – CEL – DACOM – DAFA – DAEFI – CECS – CASS – DAEE – CEU – GTUP – ANEL – DAH (FAPA) – COLETIVO NEGRAÇÃO

Nenhum comentário:

Postar um comentário