perca-do-nilo (Lates niloticus) |
Texto de Ricklefs (2011)
Durante a década de 1950 e início da de 60, a perca-do-nilo (Lates niloticus) e a tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) foram introduzidas no lago Victoria, um grande e raso lago que se espalha ao longo do equador no leste da Africa. A introdução intencionava proporcionar alimento adicional para as pessoas que viviam na área e uma receita adicional de exportação com a pesca excedente. Durante a década de 1980, a população da perca-do-nilo aumentou dramaticamente, e o próspero pesqueiro atraiu muita gente para a região das margens do lago Victoria. De fato, em 2003, o pesqueiro produzia exportação para a União Europeia avaliada em quase 170 milhões de euros anuais. Contudo, devido ao fato de princípios ecológicos básicos terem sido ignorados, a introdução terminou por destruir a maior parte da pesca tradicional do lago e assim também acabando com o novo pesqueiro.
Durante a década de 1950 e início da de 60, a perca-do-nilo (Lates niloticus) e a tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) foram introduzidas no lago Victoria, um grande e raso lago que se espalha ao longo do equador no leste da Africa. A introdução intencionava proporcionar alimento adicional para as pessoas que viviam na área e uma receita adicional de exportação com a pesca excedente. Durante a década de 1980, a população da perca-do-nilo aumentou dramaticamente, e o próspero pesqueiro atraiu muita gente para a região das margens do lago Victoria. De fato, em 2003, o pesqueiro produzia exportação para a União Europeia avaliada em quase 170 milhões de euros anuais. Contudo, devido ao fato de princípios ecológicos básicos terem sido ignorados, a introdução terminou por destruir a maior parte da pesca tradicional do lago e assim também acabando com o novo pesqueiro.
Lago Victoria (Lake Victoria) |
Até
a introdução da perca-do-nilo, o lago
Victoria sustentava uma pesca permanente de diversos peixes locais, a maioria deles pertencentes à família
Cichlidae. Uma destas espécies nativas foi uma espécie de tilápia que se alimentava
principalmente de matéria orgânica
morta, plantas e pequenos invertebrados aquáticos. As
percas-do-nilo são muito grandes e comem grandes quantidades de
outros peixes: os ciclídeos menores, neste
caso. Mais ainda, como energia é perdida em cada passo na
cadeia alimentar, populações de predadores não podem ser
pescadas numa taxa tão alta quanto as suas presas, mesmo que
possam parecer mais fáceis de
pescar. Como a perca-do-nilo era um alienígena
para o lago Victoria, os
ciclídeos locais tinham poucas adaptações que os
ajudassem a escapar do seu predador. Inevitavelmente, a
perca-do-nilo aniquilou as populações de ciclídeos, levando muitas espécies
únicas à extinção, destruindo a pesca nativa e reduzindo severamente
seu próprio suprimento de comida. Consequentemente, os hábitos
vorazes da perca-do-nilo sobre presas indefesas trouxeram a sua própria derrocada como uma espécie de peixe explorável e mudou completamente
o ecossistema do lago Victoria.
No
momento, o pesqueiro da perca-do-nilo
no lago Victoria entrou em colapso. A introdução da perca-do-nilo teve
consequências secundárias para os ecossistemas terrestres no entorno do
lago também. A carne da perca-do-nilo é oleosa e deve ser
preservada pela defumação em vez
de secagem ao Sol, e assim
as florestas locais foram cortadas para
fazer fogo. Para ser mais preciso, a pesca nativa já estava
precariamente próxima da sobre-exploração, em consequência de um aumento da
população humana local e do uso de tecnologias de pesca avançada
e não tradicional. Contudo, em vez de introduzir um predador
eficiente sobre os peixes locais, estes
problemas deveriam ter sido mais adequadamente resolvidos por meio de métodos de
regulação da pesca, limites restritivos sobre a coleta anual
total e o desenvolvimento de fontes alternativas de alimentos
diferentes de peixe.
RICKLEFS, ROBERT. E. A Economia
da Natureza. Tradução de Pedro Paulo de Lima-e-Silva. 6 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2011. 546p. (o texto acima está presente no capítulo introdutório do livro, mas especificamente no tópico Ecólogos em Campo)
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