quarta-feira, 1 de junho de 2011

Belo Monte, Indígenas e a Licença de "Inanição"

Hoje (dia 01/06/2011), o Ibama concedeu a Licença de Instalação (LI) para a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no rio Xingu, Estado do Pará, pela Norte Energia S. A. Com isso, foi dada a licença de inanição aos indígenas e a toda biodiversidade local.

Belo Monte é questionável em todos os aspectos - econômicos, socias e ambientais - tanto nacional como  internacionalmente. É mais uma obra absurda do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento; conheça-o aqui e aqui) do Governo Federal, que poderia significar Programa de Acumulação de Capital (a qualquer custo), para ficar mais realístico.

reducionismo econômico é repugnante - é dado todo o valor a uma folha de papel e nenhum valor a outros temas, como à diversidade vegetal, animal, cultural e lingüística. Embora, com relação à Belo Monte, até mesmo no aspecto econômico ela seja questionada e afirmada por diversos pesquisadores como economicamente inviável.

Os impactos socioambientais são imensos, por se tratar de uma região com uma das mais altas biodiversidades do planeta: a Região Amazônica. Além de impactar irreversivelmente vários povos indígenas e ribeirinhos, com diferentes culturas e línguas, dependentes da dinâmica e biodiversidade do rio Xingu.

Trago um vídeo sensacional sobre os povos contra a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Ao vê-lo fiquei fascinado e me senti como se estivesse lá, junto com os povos nessa luta.

O filme é incrível!





"O cacique Raoni chora ao saber que Dilma liberou o inicio das construções de Belo Monte, mesmo após as milhares de cartas e mais de 600 mil assinaturas dirigidas a ela e que foram ignoradas. Belo Monte seria maior que o Canal do Panamá, inundando pelo menos 400.000 hectares de floresta, expulsando 40.000 indígenas e populações locais e destruindo o habitat precioso de inúmeras espécies - tudo isto para criar energia que poderia ser facilmente gerada com maiores investimentos em eficiência energética."

* "Comemoramos" o Dia Nacional da Mata Atlântica (27 de maio) com a aprovação, na Câmara dos Deputados, de um relatório absurdo para o Código Florestal. Agora "comemoraremos" o Dia Mundial do Meio Ambiente (05 de junho) com a liberação dessa obra ridícula que decreta sentença de morte aos povos do Rio Xingu!
 
Alguns sítios que questionam a construção da UHE Belo Monte:

http://belomontedeviolencias.blogspot.com/


7 comentários:

  1. Um desabafo oportuno, Cláudio!

    Numa semana revogam as leis da física (Código Florestal) e na outra pisoteiam o bom senso e até mesmo a declaração universal dos direitos humanos.

    Assim vou ficar de luto o ano inteiro!

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  2. Confesso que fiquei triste quando tu me deu a notícia por telefone. Claro que sabíamos que uma hora ou outra isso poderia acontecer, mas quando acontece é muito impactante.

    Uma pena ver a ganância comer e beber o Brasil, mesmo com a Nação mobilizada contra. A quem serve esse Estado que ignora a voz do povo?

    A mim ele não representa mais...

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  3. Está ficando complicado manter uma postura menos pessimista. Digo menos pessimista, porque otimista é impossível. A idéia de que temos que viver pelo progresso do mercado é a que está valendo. O “progresso” sempre foi uma desculpa para os piores atos. Não mudou nada.
    Abraços.

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  4. De fato, foi um desabafo!
    Quando vi que tinha sido liberada a LI pra Belo Monte, fiquei muito mal!

    Não aguentei sozinho e tive que desabafar!
    Talvez por isso minha postura pareceu pessimista, mas acho que esse pessimismo deve ficar confinado nos pensamentos; na hora de agir temos que ser otimistas.

    Como disse Gramsci:

    "Sou um pessimista pela inteligência e um otimista por desejo."

    Não é porque as coisas estão ruins que vamos enfraquecer. Na verdade, por estar ruim é que temos que nos fortalecer.

    Seguiremos mostrando a loucura e injustiça que seria a UHE Belo Monte, e questionando outras megahidrelétricas propostas pelo PAC. Seguiremos nos manifestando em relação ao Código Florestal e outras tantas injustiças socioambientais.

    E, indo mais a fundo, pediremos mais debates sobre a matriz energética brasileira e o modelo de agricultura vigente no Brasil!

    Claudio Reis

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  5. Sinto cada vez mais que ficar(profundamente) descontente com alguma área da vida é um futuro quase certo praqueles que se importam minimamente com os outros.
    Mas essa é a parte otimista. Esse descontentamento dá impulso, o que incomoda a gente tenta mostrar, e se não quiserem ouvir a gente grita.

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  6. Tche, eu tô preparado pra viver pra sempre no desconforto.

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  7. Para que sirve la utopia?

    “Utopia está en el horizonte. Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá. Por mucho que yo camine, nunca la alcanzaré. Para que sirve la utopia? Para eso sirve: para caminar.”

    Eduardo Galeano

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