Um paysano companheiro de mate. |
Bueno, mateadores e mateadoras, podem continuar com a cuia na mão, mas me
oiçam por obséquio. Trago hoje os “versos” de um companheiro de mate, velho
amigo das tertúlias bagualas, um índio do queixo roxo, criado guaxo na pampa 'gaucha'. Ele não dobra a espinha pra qualquer um, a menos que tenha um bom
argumento baseado na lógica e na evidência empírica ou a favor de um mundo mais
justo.
Eu falo é do paysano Mario Augusto Bunge (acesse esta página pra saber mais sobre o vivente: mariobunge.com.ar), um
argentino nascido em Buenos Aires em 21 de agosto de 1919 (já tem 93
aniversários). A meu ver, um dos mais contundentes críticos das pseudociências
e das filosofias subjetivistas e idealistas em geral; além de possuir uma grande criatividade e
singularidade em seu próprio estudo, trazendo avanços significativos para as
mais variadas áreas. Em 1952 obteve o grau de PhD em ciências
fisicomatemáticas. Em 1963, repugnado com a atmosfera política da Argentina (o
golpe militar seria dado em 1966), decide se bandiar pra outros lados. Passou
por universidades nos EUA, México, Alemanha e Canadá, onde mora até hoje com sua prenda. Deu aulas de física teórica e hoje é professor de lógica e
metafísica na McGill University de Montreal. Esse xiru não é de pouca qualidade intelectual, já recebeu
16 títulos de doutor honoris causa e 4 professorados honorários ao longo da carreira (um pouco mais de
informação aqui: wikipedia.mariobunge).
Pra ter mais uma idéia, ele já ganhou a bolsa de estudos Alexander von
Humboldt e, em 1982, o Prêmio Príncipe das Astúrias em Humanidades e
Comunicação. Possui mais de 400 artigos publicados sobre física, matemática, psicologia,
sociologia, ética, tecnologia, filosofia da ciência, etc. Além disso, possui
mais de 40 livros. Pra citar alguns que foram traduzidos para o português:
Ciência e Desenvolvimento (1980), Física e Filosofia (2000), Teoria e Realidade
(1974), Caçando a Realidade – a luta pelo realismo (2010) [já falamos dele aqui] e Dicionário de
Filosofia (2006).
O nome deste último livro que eu citei é esse mesmo, simplesmente Dicionário de Filosofia. Mas definitivamente, não é como
costuma ser. Quem comprou sem conhecer o autor deve ter se espantado, tomado um
susto! Digo isso porque o livro é claramente posicionado e crítico, além de que
possui uma estrutura distinta. Para determinados conceitos ele não usa muita charla, como neste caso, “Destino: Não há tal coisa”. Parece que existe
uma necessidade de tomar partido, mesmo que não queira gastar seu lápis com uma
boa argumentação para conceitos que talvez ele considere "ultrapassados". Mesmo assim, para outros ele apresenta
argumentos convincentes e utiliza até mesmo 4 páginas para alguns, como no caso de Lingüística, por exemplo.
As postagens continuadas (pretendo!) de Conceitos bungeanos apresentará alguns verbetes que
fazem parte do Dicionário de Filosofia (Editora Perspectiva, Coleção Big
Bang, 2006), de Mario Bunge. Muitos deles são controversos, outros amplamente utilizados e outros ainda demasiado relevantes, por isso espero que
surjam comentários, dúvidas, discordâncias, elucidações, etc. Uma advertência a
se fazer é que muitos dos conceitos não são inventados pelo Bunge, mas utilizados
amplamente na filosofia ou nas ciências. No entanto, escolhi este nome para o
título com o intuito de tê-lo sintético, dando a entender que é a visão do
Bunge sobre esses conceitos e, como vocês verão ao longo das postagens, a sua
maneira de apresentá-los é singular. Tanto no que se refere ao estilo, como à
própria formalização. Os termos que estiverem em negrito no interior do texto
possuem definição no livro. A transcrição será basicamente em ordem alfabética
(selecionarei apenas alguns verbetes), mas é possível que eu traga algum outro
conceito que seja interessante para o contexto em questão. Na verdade, meu
objetivo principal não é divulgar as “definições” aqui no blogue, este seria apenas o passo inicial: eu gostaria que servisse como embrião para um bom debate!
Dado o texto introdutório, seguem três verbetes.
ACADÊMICO
Um produto intelectual de interesse muito limitado, e que tem maior
probabilidade de promover seu autor na carreira do que o conhecimento humano.
Quando um número significativo de scholars (professores e/ou pesquisadores universitários) se engaja num trabalho
deste tipo, tem-se uma indústria acadêmica.
INDÚSTRIA ACADÊMICA
Esforço intelectual sustentado para produzir publicações irrelevantes.
Discurso sobre pseudoproblemas ou miniproblemas, originados amiúde de
mal-entendidos elementares, que servem apenas ao propósito de obter promoção
acadêmica. Exemplos: Bayesianismo, lógica doxástica, semânticas multimundos, teoria da medição geral, lógica quântica.
AGATONISMO
A filosofia moral segundo a qual devemos buscar o bem para nós mesmos e para os outros. Postulado máximo: "Desfrute a vida e ajude a viver uma vida desfrutável". Esse princípio combina egoísmo e altruísmo. O agatonismo coloca ainda que direitos e meios vêm aos pares; que as ações devem ser moralmente justificadas; e que princípios morais deveriam ser avaliados por suas conseqüências. (http://es.wikipedia.org/wiki/Agatonismo).
A filosofia moral segundo a qual devemos buscar o bem para nós mesmos e para os outros. Postulado máximo: "Desfrute a vida e ajude a viver uma vida desfrutável". Esse princípio combina egoísmo e altruísmo. O agatonismo coloca ainda que direitos e meios vêm aos pares; que as ações devem ser moralmente justificadas; e que princípios morais deveriam ser avaliados por suas conseqüências. (http://es.wikipedia.org/wiki/Agatonismo).
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