Faço essa postagem para divulgar um livro extremamente interessante e necessário, intitula-se "Transgênicos para quem? Agricultura, Ciência, Sociedade". É de fundamental importância para quem quer compreender e se engajar nas políticas que envolvam causas sociais e ambientais. E, sobretudo, entender qual o papel da ciência nesse processo. O livro é espetacular principalmente pelo seu enfoque multidisciplinar e seu carácter sintético.
Está organizado em 3 partes:
Parte 1 - OGM: Sair do reducionismo científico visando uma ciência aberta para a sociedade (6 capítulos)
Parte 2 - Transgênicos: O necessário enfoque multidisciplinar (15 capítulos)
Parte 3 - Atores sociais: Resistências e cidadania (12 capítulos)
O livro está disponível em rede no sítio eletrônico do NEAD (Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural), um órgão do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Para baixar aperte AQUI.
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Segue abaixo a apresentação do livro por Joaquim Calheiros Soriano, diretor do NEAD.
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APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
A adoção de um novo modelo tecnológico em determinado ramo econômico sempre implica impactos positivos e negativos a serem absorvidos pela sociedade, sendo que a distribuição dos benefícios e prejuízos é resultado da correlação política, econômica e social entre os setores envolvidos.
Essas novas tecnologias, cujo domínio geralmente se restringe a círculos bastante restritos da comunidade cientifica, não podem prescindir da construção de legitimidade social que justifique sua implementação, e quanto maiores são os impactos negativos e as resistências, maior é a necessidade de investir na propaganda do modelo.
Nas últimas décadas, o desenvolvimento e a utilização dos organismos geneticamente modificados, ou simplesmente transgênicos, em larga escala na agricultura têm se sustentado sob três argumentos principais: a preservação do meio ambiente, o aumento da produção para combater a fome e a redução dos custos de produção.
Em cada um desses eixos depreende-se um enorme esforço para demonstrar como os transgênicos geram resultados positivos, e que não há risco para o meio ambiente e em particular para o consumo pelos seres humanos.
Ainda que os estudos que defendem a ausência de risco sejam constantemente contestados, é importante que a discussão sobre os aspectos particulares e predominantemente científicos estejam inseridos em um debate mais amplo sobre o modelo de produção agrícola no mundo.
Não há dúvida de que a agricultura está inserida no modelo globalizado, e um exemplo concreto foi a influência da crise mundial sobre os preços dos alimentos; investidores que participavam da ciranda financeira de ativos virtuais foram em busca das commodities agrícolas, gerando impactos nos preços negociados nas bolsas de valores.
Nesse modelo, os mercados sofrem forte concentração, pois as empresas se tornam global players, uma forma simpática de dizer que elas passam a ter condições de controlar ativos (insumos, capital, terras) importantes em várias partes do mundo, podendo exercer grande influência sobre os mercados. E como sempre, poder econômico é sinônimo de poder político.
Portanto, o debate sobre a possibilidade de “transferência horizontal de sequências genômicas entre OGMs e bactérias” não pode estar descolado do fato de que três empresas de sementes – Syngenta, Monsanto e DuPont – controlam a produção de sementes transgênicas e outras poucas controlam o mercado de cereais.
É a partir da análise crítica sobre a adoção dessas tecnologias que o livro Transgênicos para quem? se insere, ao estimular uma reflexão sobre a necessidade de derrubarmos as barreiras disciplinares, que condicionam a ciência e a produção em caixas estanques, estimulando a especialização exacerbada e resultados autocentrados.
Todos os lados envolvidos na disputa em torno dos OGMs admitem que essa tecnologia envolve riscos. Nessa medida é preciso que as decisões relativas a essa matéria não se restrinjam aos círculos científicos. Seus impactos podem afetar a saúde de milhões de pessoas ao redor do mundo, logo, o conjunto da sociedade deve avaliar se os impactos positivos compensam os riscos e as incertezas. Esperamos que esse livro sirva de estímulo a essa reflexão.
Boa leitura!
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Este livro foi organizado por Magda Zanoni e Gilles Ferment.
Magda Zanoni é bióloga e socióloga, professora (Maître de Conférence) da Unidade de Formação e Pesquisa “Geografia, História e Ciências da Sociedade” da Universidade de Paris Diderot. Foi pesquisadora no período de 1978 a 1990 no Laboratoire d’Ecologie Génerale et Appliquée da Universidade de Paris-Diderot, com mestrado em Ecologia Fundamental na Universidade de Paris-Orsay, mestrado em Ciências Sociais do Desenvolvimento na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (França); doutorado em Sociologia do Desenvolvimento na Universidade de Paris I-Sorbonne. Exerceu várias atividades como orientadora de pesquisa no Instituto Agronômico do Paraná, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social do Paraná, colaborou na criação do doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná. Colaborou na cooperação universitária França-Brasil, tendo coordenado dois acordos Capes-Cofecub. Atualmente, e desde 1998, é pesquisadora do Laboratório “Dynamiques Sociales et Recomposition des Espaces” (Centro Nacional de Pesquisa Científica – CNRS, França). Esteve cedida oficialmente ao Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (NEAD/MDA) pelo Ministério francês do Ensino Superior e da Pesquisa no período de 2003-2009. Seu doutoramento refere-se a uma análise do processo de Reforma Agrária em Portugal. Seu trabalho atual compreende as questões de desenvolvimento rural sustentável, no marco teórico das relações sociedade-natureza, com ênfase em métodos interdisciplinares de pesquisa.
Gilles Ferment é mestre em Ecologia e Gestão Ambiental, com graduação e pós-graduação em Biologia dos Organismos Animais e Vegetais. Formado na Universidade Paris-Diderot, atuou durante três anos como pesquisador em Biossegurança para a saúde humana e animal, no Núcleo de Estudos Agrários e sobre os riscos das plantas transgênicas para o meio ambiente e Desenvolvimento Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (NEAD/MDA).
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Aproveito para divulgar o lançamento do Comitê Estadual da Campanha Permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida - RS. Será hoje (24/10/2011) as 18h30min, com a participação da Dr. Magda Zanoni, de representantes da Via Campesina e da EMATER.
Segue a baixo o vínculo pra notícia do Ecoagência sobre Lançamento da Campanha Permanente Contra o Uso de Agrotóxicos e Pela Vida:
ResponderExcluirhttp://www.ecoagencia.com.br/?open=noticias&id=VZlSXRlVONlUsRmdTxGahN2aKVVVB1TP