Atualmente o biodiesel vendido nos postos pelo Brasil possui 5% de biodiesel e 95% de diesel (B5), com planos para a obrigatoriedade do uso de B20 (20% de biodiesel) até 2020. Para se produzir biodiesel, o óleo retirado das plantas é misturado com álcool (ou metanol) e depois estimulado por um catalisador. O catalisador promoverá a reação química entre o óleo e o álcool. Depois o óleo é separado da glicerina e filtrado. A molécula de óleo vegetal é formada por três moléculas de ácidos graxos ligadas a uma molécula de glicerina (triglicerídeo), a qual é separada do óleo por um processo de transesterificação.
O FUTURO
O biodiesel possui várias vantagens em relação aos combustíveis derivados do petróleo, entre elas:
- É energia renovável. As terras cultiváveis podem produzir uma enorme variedade de oleaginosas como fonte de matéria-prima para o biodiesel;
- É energia renovável. As terras cultiváveis podem produzir uma enorme variedade de oleaginosas como fonte de matéria-prima para o biodiesel;
- A obtenção e queima do biodiesel não contribui para o aumento das emissões de gás carbônico na atmosfera;
- Ele apresenta maior viscosidade que o diesel e, portanto proporciona maior lubricidade, o que faz reduzir o desgaste de algumas partes móveis do motor;
- Possui um alto ponto de fulgor (150°C), conferindo ao biodiesel manuseio e armazenamento mais seguros;
- O Brasil tem potencial para liderança mundial de energias renováveis em escala comercial;
- Nenhuma modificação nos atuais motores do tipo ciclo diesel faz-se necessária para misturas de biodiesel com diesel de até 20%, sendo que percentuais acima de 20% requerem avaliações mais elaboradas do desempenho do motor.
Essas são algumas dentre várias vantagens. Nesse site pode-se encontrar várias outras (mas nem todas elas são convincentes e/ou verdadeiras). Enfim, o biodiesel é um grande repositório de esperança ecológica e econômica no setor energético, mas...
A FALÁCIA
Se o biodiesel é tão bom assim, quais seriam os problemas que poderiam envolver sua utilização?
- Atualmente no Brasil é obrigatória a comercialização de B5, que é o óleo diesel normal com a adição de 5% de biodiesel. Porém alguns estudos relatam que para ser estatisticamente mais biodegradável que o diesel comum (como em casos de contaminação do solo, por exemplo) necessita-se de concentrações acima de 50% (B50);
- O balanço de CO2 do biodiesel não é neutro, mesmo sendo inúmeras vezes menos emissor de CO2 que o diesel de petróleo, se for levado em conta a energia necessária à sua produção, mesmo que as plantas busquem o carbono à atmosfera: é preciso ter em conta a energia necessária para a produção de adubos, para a locomoção das máquinas agrícolas, para a irrigação, para o armazenamento e transporte dos produtos;
- Apesar de o biodiesel poder ser produzido a partir de óleos vegetais do girassol, algodão, mamona, ou qualquer oleaginosa, no Brasil a principal fonte de óleo vegetal vem sendo a soja. Isso envolve uma problemática socioambiental muito maior que o setor de combustíveis, devido à destruição de biomas e à ameaça que isso representa à biodiversidade. Mas isso não é visto como um ponto negativo por muitos: “A soja liderou a implantação de uma nova civilização no Brasil central, levando o progresso e o desenvolvimento para a região despovoada e desvalorizada, fazendo brotar cidades no Cerrado.” (daqui)
- Outra problemática é a formação da glicerina como subproduto do biodiesel. Para cada tonelada de biodiesel que é fabricado, 100 kg de glicerol são produzidos. Não se sabe ao certo como o mercado irá assimilar essa grande quantidade resultante. Além disso, a lei permite níveis baixíssimos de glicerina no produto final, e se esses valores não forem respeitados a queima da glicerina pode causar danos aos motores, além de gerar subprodutos nocivos aos ecossistemas, como a acroleína, produto suspeito de ser cancerígeno;
- Cogita-se a que poderá haver uma subida nos preços dos alimentos, ocasionada pelo aumento da demanda de matéria-prima para a produção de biodiesel. Como exemplo, pode-se citar alguns fatos ocorridos em Portugal, no início de Julho de 2007, quando o milho era vendido a 200 euros por tonelada (152 em Julho de 2006), a cevada a 187 (contra 127), o trigo a 202 (137 em Julho de 2006) e o bagaço de soja a 234 (contra 178). O uso de algas como fonte de matéria-prima para a produção do biodiesel poderia poupar as terras férteis e a água doce destinadas à produção de alimentos.
Existem outros problemas possíveis envolvendo o uso do biodiesel, mas vou parar por aqui, senão essa charla vai ficar mais comprida que goela de joão-grande.
Resumindo, eu acredito que o biodiesel tem potencial pra ser muito mais benéfico que problemático, se for aplicado com a verdadeira intenção de torná-lo um substituto correto ecologicamente, fazendo valer o “bio” no seu nome, e não apenas uma para ser uma mortalha verde cobrindo um túmulo cinza.
Despeço-me e deixo aos amigos e leitores pacientes aquele quebra-costelas gaudério!
Baita payada Alexis!
ResponderExcluiros biocombustíveis realmente precisam ser desmistificados! O Brasil ainda os usa como exemplo desse clichê que se tornou o desenvolvimento sustentável. Mas da maneira que são produzidos no Brasil e na maioria do mundo estão longe de ser dignos do termo. Soja, milho, cana-de-açúcar, palmeiras (na Oceania)... tudo produzido num modelo de agricultura que já está mais do que sabido dos imensos impactos nos ecossistemas locais.
O verdadeiro potencial sustentável dos biocombustíveis não é nem um pouco aproveitado... O Brasil, Pindorama! terra das palmeiras! um dos países com mais espécies de palmeiras no mundo, não conhece seus potenciais. As palmeiras nativas, que podem ser produzidas em sistemas agroflorestais, enquanto se aproveita a polpa pode-se aproveitar também o coquinho para biocombustível e a folha para artesanato...
enfim... chega a parecer burrice, mas o buraco é mais embaixo!
abraço
é isso aí Isma!
ResponderExcluiro biodiesel acaba sendo uma máscara pra parecer que estamos fazendo alguma coisa pelo meio ambiente, quando na verdade podemos não estar ajudando ou até piorando a situação!
Teu comentário me lembrou do documentário que vimos d'A Revolução dos Cocos, e de como podemos aprender com os Bougainvilles.
che, cidade brotando no meio do Cerrado devia ser um tratado como uma coisa ruim! o brabo é que com correção de solo o cara pode plantar até na sala da casa dele, se duvidar!
ResponderExcluirBoungainville matando a pau! por sinal, filme completo no iutube, pra quem se interessar:
http://www.youtube.com/watch?v=OmX7rl4QVLU
Pois é, eles colocam aquele trecho como se fosse uma coisa boa! Fiquei brabo quando li!
ResponderExcluirÉ interessante como a soja (pinus, eucalipto...) acaba sendo o vilão de uns e o herói de outros...