O que é constantemente
propagado como "economia verde" por governos e grandes corporações é
nada mais que um capitalismo verde. Isso ficou bastante claro no documento final da Rio+20, de 2012, e está
presente no discurso daqueles que defendem essa proposta. Como toda forma de
capitalismo, ele é movido pela produção de mercadorias (através da exploração
da força de trabalho) e acúmulo de capital. Sua ânsia megalomaníaca para a
mercantilização da vida é incompatível com os pressupostos da conservação
ambiental.
Por isso, ou lutamos
por uma saída real -- que envolve a promoção de novas formas de
sociabilidade, distintas das relações fomentadas pelo capitalismo -- ou
estaremos contribuindo para o colapso ambiental. E colapso ambiental significa
o colapso de tudo o mais.
No fundo, a tese que
está sendo defendida é a seguinte: ou o ambientalismo é classista, o que lhe dá
meios para a possibilidade de alcançar seu ideal, ou estamos falando de um
ambientalismo ingênuo, que pode ser bonito no discurso, mas que nunca chegaria
a reverter esse processo de destruição do meio ambiente. Um pressuposto básico
desse ambientalismo classista é o de que o grande responsável pela degradação
ambiental não é "o homem" genericamente, mas o homem imerso em
determinados sistemas sociais. Considerar que o problema é simplesmente o
homem, independente de seu modo histórico-social de produção, distribuição, consumo
e descarte, além de niilista tem semelhanças com a argumentação liberal, na
qual o indivíduo é analisado de forma a ocultar a importância de níveis acima
do individual na moldagem dos processos.
Toda proposta que tem
por objetivo a transformação social precisa estabelecer os meios para
alcançá-la. E os meios precisam ser coerentes com os fins. Se somos
ambientalistas sinceros, nossos fins são muito diferentes daqueles de interesse
para o capitalismo verde. E exatamente por isso precisamos ter olhos críticos
para os meios de que esse capitalismo (pintado de verde) se utiliza, de modo a
não reforçá-lo sem nos darmos conta. Se não estamos atentos a isso, caímos no
aqui chamado "ambientalismo ingênuo". Os meios a ser estabelecidos
por ambientalistas sinceros precisam ser coerentes com seus fins, e por isso
não pode se confundir com os meios do capitalismo verde.
Se desejamos um ambientalismo que vá além de
"enxugar gelo"; um ambientalismo com propostas de longo prazo, que
contribua para a criação de um mundo novo, precisamos inevitavelmente de um
ambientalismo classista. Os protagonistas dessa luta são os de baixo. É
construindo o empoderamento das classes oprimidas que teremos a mudança
necessária. Os valores do ambientalismo não estarão presente na sociedade
quando forem impostos, de cima, por governos, mas quando estiverem encarnados
amplamente nas camadas populares. E isso só poderá ser resultado de um trabalho
de enraizamento com visão de médio e longo prazo, e que esteja comprometido com
o empoderamento das massas. O ambientalismo será classista ou não será!
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