terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Cotas Raciais

Trago um texto postado no Bule Voador sobre um assunto bem atual. Pelos comentários pode-se notar que o assunto está longe de terminar.


http://bulevoador.haaan.com/2011/02/15/cotas-da-igualdade/

2 comentários:

  1. Alguns estudiosos (cientistas políticos e sociais) defendem a idéia que devemos fazer justiça aos anos de exploração dos negros no país, como por exemplo, valendo-se do sistema de cotas raciais para o ingresso nas faculdades federais.

    Ao meu ver, tais políticas de inclusão racial acaba fomentado ainda mais o racismo velado. Seria muito mais justo uma política de cotas por renda ou através de cotas pra quem estudou em escola pública.

    Se formos classificar como raça aspectos culturais, históricos e sociais acabaremos dividindo nossa nação (pra não dizer o mundo todo) em uma infinidade de raças. Precisamos da manutenção do conceito de raça em termos sociológicos para podermos colocar a culpa em alguém, discriminar outros, criar políticas assistencialistas de cunho eleitoreiro. Sendo assim:

    Viva a raça gaúcha, a raça baiana, a raça favelada, a raça aborígene, a raça caipira!

    No vestibular 2011 UFRGS dos 36000 inscritos, apenas 1500 se declararam negros para concorrerem a 779 vagas. A maioria irá disputar vagas (outras 779) dentro das cotas praqueles que estudaram no Ensino Público(11800).

    Se os negros são os que têm “renda e escolaridade mais baixas que os brancos, ocupam menos cargos públicos, têm menor representação política etc.", porque não utilizam desse "benefício" das cotas raciais? Ou esse número está apontando que os negros são minoria?

    Tudo me faz crer que não.

    Temos nesse caso um ruído de fundo que nos demonstra de forma clara um racismo velado e ao mesmo tempo uma não aceitação por parte da própria comunidade negra sobre as políticas de cotas raciais.

    Se em nosso país, a maioria dos negros é pobre, sem educação, sem oportunidades de emprego é devido ao nosso contexto histórico e político, onde representamos o papel de um país que aboliu a escravidão com um canhão apontado pra cara, mas não soube cuidar do contigente de escravos que passaram a ter que viver de maneira subumana. No entanto, não podemos esquecer que também há pardos, mulatos e brancos catando lixo pelas ruas, vivendo debaixo de ponte e passando necessidades por aí. A pobreza, a falta de oportunidades não são exclusividades dos negros, em um país onde as políticas sociais são sustentadas por demagogia e por interesses espúrios, a falta de oportunidades alcança a todos sem distinção de cor, religião e time pra que se torce.

    Várias faculdades que adotaram política de cotas raciais viram que a maioria dos próprios negros optavam por concorrer pelas cotas de Ensino Público do que fazer uso das cotas raciais.

    Ou muda-se esse paradigma ou permaneceremos com ações paliativas indefinidamente.

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  2. Bom, não acredito que o argumento mais forte para a política das cotas raciais seja fazer justiça pelo anos de exploração que os negros passaram. O argumento é que mesmo que existam muitos pardos, mulatos e brancos na miséria, um negro nas mesmas condições não tem as mesmas chances. E acho ele bem forte.

    Mesmo assim, acredito que a política das cotas está enfrentando o problema de maneira errada, e talvez alimentando mais o racismo. A mudança teria que começar pela base, e não na metade do caminho.

    Concordo que a identificação das pessoas como fazendo parte de um determinado grupo facilita com que elas desenvolvam uma empatia menor para com as pessoas de outro grupo. Seria bom acabar com o conceito de raça pelos motivos colocados pelo Gilberto, mas temos que cuidar para não atacarmos a cultura de uma determinada comunidade (que muitas vezes não prejudica ninguém, se deixarmos de fora uns homens que se explodem e seus paralelos no ocidente). Não sei bem como fazer isso, parece um paradoxo, mas pode ser possível. Poderíamos tentar criar uma identidade mais forte com o todo mantendo os laços culturais, sem ideias de melhor ou pior.
    O que importa é que a diversidade cultural pode ser tão importante quanto a biológica, se é que dá pra separá-las.

    Abraços.

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