quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Novos tijolos, nova vizinhança?

Anunciado hoje, numa roda de mate da NASA (aquela agência orgulhosamente estadunidense que manda gente pra fora do planeta e estuda coisas bem longes daqui) uma descoberta que pode trazer novas perspectivas para o estudo da biologia e astrobiologia (ou exobiologia como vosmecês preferirem):

Foi encontrada uma forma de vida, uma bactéria, pra ser mais exato, que constrói biomoléculas (inclusive seus ácidos nucléicos) utilizando átomos de Arsênico no lugar de Fósforo. O artigo original encontra-se aqui.







Pra quem não sabe, o Fósforo é um elemento considerado, até então, essencial para a vida, pois é importante na composição de muitas moléculas orgânicas das quais o nosso e todos os organismos conhecidos por nós até o dia 2 de dezembro de 2010 dependem. 
As moléculas de informação genética, o ARN e o ADN, responsáveis por carregarem grande porção da informação necessária para a construção de um ser vivo, são compostas por subunidades conhecidas como nucleotídeos. Esses pequenos tijolos possuem em sua composição o elemento Fósforo, e, até hoje, não se conhecia nenhuma espécie capaz de substituí-lo por outro elemento.

Pois então, hoje foi anunciado uma espécie capaz de fazer isso, e o elemento, surpreendentemente, é o Arsênico. Digo surpreendentemente porque o elemento é um conhecido veneno para a maioria dos organismos.

Agora o bagual deve estar pensando... e eu com isso? Se a baquetéria lá é feita de outra coisa, o que muda?

Alto lá! Acontece que há muito tempo os humanos se esforçam para tentar detectar formas de vida em sítios do Universo que não a Terra. A busca é antiga, mas os parâmetros eram basicamente os mesmos, priorizando locais que contivessem os 6 elementos fundamentais para a existência de vida: Carbono, Hidrogênio, Oxigênio, Nitrogênio, Enxofre e Fósforo. Mas então.. se agora temos uma alternativa ao Fósforo que é compatível com algumas formas de vida? Isso significa redirecionar os esforços, incluindo regiões onde o elemento Arsênico pode representar uma alternativa viável.

Outro ponto importante! Uma das características compartilhada por todas formas de vida até então conhecidas: a estrutura dos ácidos nucléicos, sempre compostos por nucleotídeos de mesmo "padrão". Isso sugere que a vida atual tenha tido uma origem única, mas a descoberta dessa bactéria põe em pauta a possibilidade de origens múltiplas.

No entanto, detectou-se que o organismo desenvolve-se melhor em meios ricos em Fósforo, mas o Arsênico cumpre bem o papel.

Grande descoberta!

Abraços!

4 comentários:

  1. Vínculo para a notícia mais completa, em inglês:
    http://www.bbc.co.uk/news/science-environment-11886943

    ResponderExcluir
  2. E ae Xiruzada, não sou fã de correntes nem de ficar penteando pelos pubianos dos outros, mas acho que algumas iniciativas são válidas. Fica o meu apreço ao Adaga com o Selo Stylish Blogger Award:
    http://muitoalemdoarco-iris.blogspot.com/2010/12/agradecendo-lembranca-e-o-carinho-pelo.html

    Grande abraço.

    ResponderExcluir
  3. Tchê Paulo, tinha pensado em escrever sobre a novidade no Adaga. Realmente é uma descoberta que pode ampliar muito o campo de estudo da Astrobiologia (e outras áreas) de uma maneira parecida que a descoberta dos extremófilos fez.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  4. Experimentalmente é possível fazer ligação ester do arsênio e este apresente tal possibilidade de desprendimento na formação do ADAr (adenosina di-arseniato)?

    Não se trata apenas da formação de uma estrutura que transmita informações, mas tb de percusores metabólicos onde o fosfato é essencial.

    Esse estudo, com certeza, é deveras interessante. Putz... teremos que atualizar o The Cell e o Lehninger! Hehehehe...

    ResponderExcluir